Mostrando postagens com marcador Educação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Educação. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O professor favorito de Bill Gates

Sempre admirei pessoas empenhadas em ajudar os outros. E como acredito na máxima de que "é mais importante ensinar a pescar do que dar o peixe", vejo com bons olhos iniciativas que proporcionem melhorias no ensino de crianças e adolescentes.

O artigo abaixo foi publicando na revista Pequenas Empresas Grandes Negócios e conta como o indiano Salman Khan tem ajudado gratuitamente os estudantes no aprendizado de matérias áridas como matemática, física e biologia.
Robyn Twomey/Corbis Outline
Salman Khan, fundador de uma escola virtual frequentada por 200 mil estudantes

Durante o Festival de Ideias de Aspen, nos Estados Unidos, diante de duas mil pessoas, Gates deu a Salman Khan, 33 anos, o apoio que qualquer empresário adoraria receber. Depois de refletir sobre o que ele chamou de "inacreditável má alocação" de recursos que deveriam ir para a educação, Gates elogiou as "incríveis" aulas de 10 a 15 minutos da ONG Khan Academy (khanacademy.org), um vasto tesouro digital de mini palestras grátis, que "tenho usado com meus filhos". Rory, de 11 anos, continuou Gates, é fã dos vídeos de álgebra e biologia da escola virtual de "Sal".

Com admiração e surpresa, a segunda pessoa mais rica do mundo comentou ainda que o professor "era um corretor de investimentos que ganhava muito dinheiro". Hoje, disse Gates, "eu diria que avançamos cerca de 160 pontos de QI da categoria fundo de investimentos para a categoria 'ensinar muitas pessoas de maneira alavancada'. Foi um bom dia aquele em que sua mulher concordou que ele deixasse o emprego". Khan nem sequer estava lá - ele soube do elogio de Gates por meio de um vídeo no YouTube. "Foi realmente bacana", comentou o rapaz, um articulado mestre em administração de empresas por Harvard e ex-administrador de fundo de investimentos.

Em uma casa de campo simples, junto à estrada principal do Vale do Silício, em um closet reformado, cheio de prateleiras e equipamentos de vídeo que valem algumas centenas de dólares, sobre o tapetinho vermelho de seu bebê, fica o epicentro do terremoto educacional que cativou Gates e outros. É ali que Khan produz aulas on-line de matemática, ciência e uma série de outros assuntos que o transformaram em uma sensação na web.

A Khan Academy, da qual Khan é o único professor, aparece no YouTube e em outros lugares e é sem dúvida o site educacional mais popular da internet. A lista de Khan de 1.630 aulas ou "tutoriais" (na última contagem) hoje é vista em média 70 mil vezes por dia - quase o dobro do número de alunos de Harvard e Stanford somados. Desde que ele começou suas aulas, no final de 2006, a academia recebeu 18 milhões de visitas únicas em todo o mundo, incluindo os filhos de Gates. A maioria dos visitantes era dos Estados Unidos, seguidos de Canadá, Inglaterra, Austrália e Índia.

Khan diz atingir cerca de 200 mil estudantes. "Não existe motivo para que não sejam 20 milhões." Suas aulas simples, em tom de conversa - o rosto de Khan nunca aparece e os espectadores só veem os esquemas e diagramas simples, passo a passo, em um quadro-negro eletrônico -, são mais que um exemplo de mídia viral distribuída para o universo por baixo custo. A Academia Khan encerra a promessa de uma escola virtual: uma transformação educacional que despreza as salas de aula, os campus e a infraestrutura administrativa, e até os professores de grife.

O aprendizado a distância e os cursos por correspondência existem desde a invenção dos correios. E há muitas escolas particulares e comerciais; a Universidade de Phoenix, no Arizona, tem meio milhão de alunos matriculados, a maioria deles on-line. Outras operações particulares, como a Teaching Co., são especializadas em reunir "grandes cursos" de professores conhecidos nacionalmente: o de "Teoria dos jogos na vida, nos negócios e mais", de um astro acadêmico, custa US$ 254,95 em DVD.

O que é notável na Academia Khan, além de sua publicidade boca a boca e de seu rápido crescimento, é que ela é grátis e valoriza a concisão. Lembra-se de seu professor de macroeconomia que resmungava durante 50 minutos em um grande auditório, capaz de entediar os mortos? Esse não é Khan. Ele raramente faz gracinhas - se você quiser diversão, verifique Darth Vader tentando ensinar geometria euclidiana no YouTube ("O teorema de Pitágoras é o seu destino!"). Mas, em menos de 15 minutos, Khan é capaz de chegar à essência do assunto que ele já vasculhou.

Os críticos on-line questionam se é apenas um amador que está transformando o aprendizado em McNuggets pedagógicos. Mas enquanto você obviamente não aprende cálculo em uma aula - o assunto é dividido em 191 partes, que não incluem outras 32 de pré-cálculo -, os componentes de Khan parecem atingir o ponto perfeito em extensão e conteúdo. Ele cobre um leque surpreendente. Lá estão os temas básicos da matemática - aritmética, geometria, álgebra, trigonometria, cálculo e estatística - e as ofertas científicas de praxe, como biologia, química e física. Mas Khan também dá aulas de Economia de uma Fábrica de Bolinhos, Guerras Napoleônicas e o Instigador Cerebral da Abdução Alienígena.

Khan encontra vários céticos sobre o trabalho que vem fazendo no setor de educação. Eles não duvidam de que ele seja bem intencionado e esteja ajudando estudantes, mas questionam o impacto mais amplo de qualquer curso que não teste o desempenho ou permita a discussão cara a cara entre aluno e professor. "É um sólido recurso suplementar, especialmente para alunos motivados", diz Jeffrey Leeds, presidente da Leeds Equity Partners, a maior empresa americana de capital privado especializada em educação com fins comerciais. "Mas não é uma academia - a iniciativa dele está mais para biblioteca", observa. Mas Khan não pretende nada menos que "dezenas de milhares" de tutoriais oferecendo o que chama de "a primeira escola virtual de classe internacional gratuita, onde qualquer um pode aprender qualquer coisa."

Como muitas epifanias empresariais, a de Khan ocorreu por acaso. Nascido e criado em Nova Orleans - filho de imigrantes da Índia e do atual Bangladesh -, Khan foi durante muito tempo um astro acadêmico. Além do mestrado em administração por Harvard, ele tem três diplomas do MIT: um de matemática e um diploma e mestrado em engenharia elétrica e ciência da computação. Também foi presidente de sua classe no MIT e professor voluntário na Brookline, ali perto, para crianças talentosas, assim como desenvolveu um software para ensinar crianças com déficit de atenção. O que não sabe, ele pega em leituras e reflexões intermináveis: seu dom, como o de muitos professores, é a capacidade de resumir o que é complexo. "Parte da beleza do que ele faz é sua consistência", diz Gates. Sobre a capacidade de Khan de ensinar, Gates, que diz passar um tempo considerável ajudando seus três filhos a aprender o básico da matemática e da ciência, disse à Fortune: "Eu o invejo um pouco".

No verão de 2004, quando ainda morava em Boston, Khan soube que sua prima Nadia, aluna da sétima série em Nova Orleans, tinha dificuldades no curso de matemática para converter quilos. Ele concordou em ensiná-la remotamente. Usando o software Yahoo Doodle como um bloco de notas compartilhado, além de um telefone, Nadia melhorou tanto que Khan começou a trabalhar com seus irmãos, Ali e Arman. A notícia chegou a outros parentes e amigos. Khan escreveu geradores de problemas em linguagem JavaScript para manter um suprimento de exercícios práticos. Mas, entre seus treinos de futebol, o emprego e diversos fusos horários, ficou impossível coordenar tudo. "Comecei a gravar vídeos no YouTube para eles assistirem quando pudessem", lembra Khan. Outros usuários se sintonizaram e estava criado o projeto da Academia Khan.

Khan continuava trabalhando para o pequeno fundo de investimentos no qual havia entrado depois de Harvard, o Wohl Capital Management. Ele disse que tirou "menos de US$ 1 milhão" antes que o fundo sediado no Vale do Silício naufragasse, e por um breve período, em meados de 2008, criou seu próprio fundo, que não decolou realmente por causa da crise financeira ("Eu o chamei de Khan Capital", ele diz, "mas nunca foi muito além do Capital do Khan", brinca ele). Ele usou seu pé-de-meia para comprar uma casa com sua mulher, Umamia, que é bolsista em reumatologia na faculdade de medicina de Stanford, e também parte como reserva quando desistiu da carreira nos investimentos. Em um dia comum, ele grava algumas aulas, responde a posts de seus alunos, telefona para especialistas quando empaca na explicação de um conceito e examina indagações de potenciais investidores curiosos.

Ele afirma que não se interessa por monetarizar sua operação, cobrando matrículas ou vendendo anúncios. "Já tenho uma linda esposa, um filho hilário, duas motos e uma casa decente", declara em seu site. Mas isso não deteve as doações, sendo a mais notável a de John Doerr, o capitalista de risco do Vale do Silício, e de sua mulher, Ann. Há pouco tempo chegou pelo PayPal uma doação de US$ 10 mil para o site (um presente típico é de US$ 100). Khan mandou um e-mail para a doadora. Seu nome era Ann Doerr. Ele conhecia um John Doerr, mas pensou que fosse um nome comum. Mandou um e-mail de agradecimento e ela sugeriu um almoço. Quando se conheceram, Ann Doerr disse a Khan que não podia acreditar que a maior doação fora a dela. "Adoramos o que você está fazendo." Quando ele chegou em casa, encontrou uma mensagem de Ann: "Você tem US$ 100 mil no correio". Khan está usando esse dinheiro para pagar um salário para si mesmo. Mais tarde ele conheceu John Doerr e, de lá para cá, conta com o casal para conhecer outras pessoas no meio filantrópico.

Em julho, a academia recebeu mais US$ 100 mil - de John McCall Mac-Bain, um empresário canadense que fez fortuna no setor editorial. "Se eu tivesse US$ 1 milhão", diz Khan, "financiaria o desenvolvimento de software de conjuntos de problemas automatizados e traduções dos vídeos". Bill Gates, cuja fundação gasta US$ 700 milhões por ano em educação nos Estados Unidos, pretende conversar com Khan em breve.

Posted via email from Ramon E. Ritter

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Como será a Universidade em 2020?

Programas de cooperação com outros países serão mais frequentes. Boa parte dos cursos será oferecida a distância. Alunos de graduação terão formação cada vez mais interdisciplinar.

Essas são algumas das tendências que deverão formar o perfil da universidade na década de 2020, segundo Julio Cezar Durigan, vice-reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que coordenou o 1º Ciclo de Debates "A universidade pública brasileira no decorrer do próximo decênio" , realizado nesta quarta-feira (11/8) no campus da Barra Funda, na capital paulista.

Uma das tendências mais lembradas no encontro foi a crescente interdisciplinaridade. Almeida Filho falou sobre a experiência da Universidade de Bolonha, na Itália, na qual os graduandos têm uma formação genérica nos três primeiros anos e escolhem uma carreira específica, fazendo um curso de mais dois anos.

"Na primeira fase, o estudante já obtém o diploma de graduação, e, após os dois anos de especialização, sai com o título de mestrado", disse Durigan. No entanto, segundo ele, há vários obstáculos para que esse modelo seja adotado no Brasil, como, por exemplo, a falta de reconhecimento desse tipo de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Os problemas também são de ordem prática. "Se um estudante de engenharia, por exemplo, quiser cursar disciplinas em ciências sociais, ele terá dificuldades. Por isso, precisamos facilitar o acesso dos alunos a outras áreas", afirmou.

O intercâmbio com instituições de outros países foi outro ponto abordado no evento e tido como fundamental para o desenvolvimento da pesquisa brasileira e para o aumento de sua visibilidade no mundo.

As universidades paulistas também investem no aprofundamento de intercâmbios com instituições para a dupla titulação, em que o aluno faz parte de seu curso no Brasil e parte no exterior e, na conclusão, obtém um diploma reconhecido pelos dois países.


Mais tempo para pesquisa


A universidade da próxima década também terá forte infraestrutura de tecnologias da informação e da comunicação (TIC), segundo os presentes no debate, uma vez que boa parte de sua função educacional deverá ser cumprida a distância.

O ensino a distância é capaz de atender mais pessoas e apresentar qualidade igual ou até superior à modalidade presencial, de acordo com o vice-reitor da Unesp. As TIC também serão uma ferramenta importante nas aulas presenciais. Os docentes deverão manter sites a fim de fornecer os conteúdos que serão abordados em sala de aula.

"Estudos mostram que o aproveitamento do estudante está muito relacionado à disponibilização de material antes da aula, para que ele possa se preparar para o encontro com o professor", disse o vice-reitor.

Outra previsão é que as novas tecnologias deverão proporcionar mais tempo para o docente se dedicar aos trabalhos de pesquisa e de extensão. Já os serviços de extensão das universidades estarão cada vez mais relacionados com projetos de inovação.

A informática será ferramenta fundamental também na gestão das universidades. "Por estar espalhada por todo o Estado de São Paulo, a Unesp, por exemplo, tem uma logística complexa. Temos que contornar essa questão com a ampliação das ferramentas de comunicação e informação", disse Durigan.

A criação de planos de desenvolvimento institucionais foi apontada como alternativa para o problema da falta de continuidade de projetos nas universidades.

Durigan explica que a existência do Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp impede gestões personalistas em que programas iniciados em outras gestões são abandonados ou descontinuados por novas administrações.

"Pretendemos agora organizar outros debates e visitar as unidades da Unesp para que cada uma desenvolva o seu plano", disse Durigan.

Participaram dos debates os professores Olgária Matos, da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luiz Antonio Constant Rodrigues da Cunha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gerhard Malnic (USP), Naomar Monteiro de Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Hélio Nogueira da Cruz (USP) e Marco Aurélio Nogueira (Unesp). Abriram a sessão o reitor da Unesp, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, e o secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo, Carlos Vogt.
Fonte: Exame

Twitter / Blog
Joãosinho Trinta (14030) é o nosso Distrital no DF. E para Deputado Federal, conheça as propostas de Ricardo Marques (1444): Pense à Frente!