O escritor Jeremy Rifkin gerou polêmica no mercado ao lançar o livro "The Zero Marginal Cost Society", que destaca que a evolução das máquinas irão mudar o conceito das relações sociais e podem destruir o capitalismo antes do fim do século XXI. Em artigo publicado na agência de notícias Market Watch, Rifkin destacou que o sistema colaborativo anuncia a entrada de um novo sistema econômico e ressalta que o sistema já está transformando a forma como organizamos a vida econômica - com profundas implicações para o futuro do capitalismo.
O gatilho para esta grande transformação econõmica é conhecido como custo marginal zero, que é o custo de produção de uma unidade adicional de um bem ou serviços após os custos fixos já terem sido absorvidos, explica o autor. As empresas têm buscado novas tecnologias que possam aumentar a produtividade e reduzir o custo marginal de produção e distribuição de bens e serviços, de forma a baixar os preços, conquistar consumidores e levar a maiores lucros para os seus investidores.
Rifkin ressalta que o fenômeno do custo marginal próximo a zero causou estragos principalmente no setor de informação, uma vez que os consumidores estão mais pró-ativos. Agora, eles produzem e compartilham a sua própria música através de serviços de compartilhamento de arquivos, os próprios conhecimentos na Wikipédia e os próprios vídeos no Youtube. Este movimento também balança a indústria cinematográfica, além de obrigar jornais e revistas a repensar os seus modelos de negócios.
Enquanto isso, seis milhões de estudantes nos EUA estão atualmente matriculados em cursos gratuitos que operam a um custo marginal quase zero que são ministradas por alguns dos professores mais ilustres do mundo, obrigando as universidades a repensar o seu modelo de negócios.
De acordo com o autor, os economistas reconhecem o impacto destas mudanças, mas têm argumentado até recentemente que ela não atingiria a indústria de bens e serviços. Mas ela atingiu até mesmo este setor.
E ressalta: uma nova e poderosa revolução tecnologia está evoluindo, o que permitirá a milhões - e logo centenas de milhões - de consumidores pró-ativos (ou "prosumers") para fazer e compartilhar a sua própria energia, além de uma crescente variedade de produtos e serviços físicos.
Em 2030, estima-se que haverá mais de 100 trilhões de sensores que ligam o ambiente humano e natural em uma rede inteligente distribuída globalmente. Os "prosumers" serão capazes de se conectar à chamada "Internet das coisas" e usar dados e análises para desenvolver algoritmos de previsão que podem acelerar a eficiência, aumentar dramaticamente a produtividade e reduzir o custo marginal de produção.
"Por exemplo, a maior parte da energia que usamos para aquecer as nossas casas e executar os nossos aparelhos, alimentar os nossos negócios, conduzir nossos veículos será gerada a um custo quase zero nas próximas décadas", ressalta o escritor.
A economia compartilhada centenas de milhões de pessoas estão transferindo fatias de sua vida econômica dos mercados capitalistas para um esquema de colaboração, afirma Rifkin. "Eles estão compartilhando carros, casas e até mesmo roupas uns com os outros através de sites de mídia social, aluguel, clubes de redistribuição e cooperativas, com custo marginal quase zero.
E esta tendência vem aumentando, afirma o autor, com 40% dos norte-americanos já fazendo parte da economia compartilhada colaborativa. Há exemplos para tal: atualmente cerca de 800 mil pessoas nos EUA estão usando serviços de compartilhamento de carro e "mais de um milhão de proprietários de imóveis estão compartilhando suas habitações com viajantes no país através de serviços on-line como Airbnb e Couchsurfing. O resultado é que "valor de troca" no mercado está sendo cada vez mais sendo substituído por "valor compartilhável", afirma.
Com isso, as empresas globais - que possuem fins lucrativos - deverão permanecer no mercado mas com um novo papel, principalmente como um agregador de serviços de rede e soluções. "O mercado capitalista, no entanto, já não será mais o árbitro exclusivo da vida econômica. Estamos entrando em um mundo além dos mercados onde estamos aprendendo a viver juntos através de uma cadeia colaborativa cada vez maior", conclui.
Fonte: artigo de Lara Rizério para a InfoMoney