sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Regras do Vale do Silício que nossas startups podem copiar

Investidores, empreendedores e boas ideias. O Vale do Silício, nos Estados Unidos, ficou conhecido por reunir em um mesmo local as condições ideias para que startups e inovadores pudessem se desenvolver. Com características muito particulares, não é simples reproduzir em outros cantos do mundo o mesmo ambiente. Mas, com apoio, é possível estabelecer ambientes favoráveis para o desenvolvimento de novos negócios.

Camila Farani, diretora da Gávea Angels e co-fundadora da Lab 22, tem investimento em startups no Brasil e no Vale e acredita que isso ajuda a entender como melhorar o mercado nacional. “Isso acaba dando uma riqueza muito grande e a gente consegue entender onde está o berço desse sistema, consegue fazer um cruzamento com nossos empreendedores”, indica.

Para Cassio Spina, investidor-anjo e fundador da Anjos do Brasil, a união de agentes importantes possibilitam tanta inovação e empreendedorismo. “O Vale do Silício é um ambiente hoje muito consolidado. Tem todos os agentes importantes muito conectados e bem desenvolvidos: o ambiente universitário de pesquisa, empresas de tecnologia de ponta que ajudam o potencial empreendedor a ter experiência profissional e o ambiente de investimento”, explica.

Veja quais regras vigoram no Vale do Silício que poderiam ser seguidas também no Brasil para ter um ambiente melhor para startups.

1. Entenda o empreendedorismo

Uma cultura empreendedora não nasce da noite para o dia, mas pode ir sendo desenvolvida aos poucos. “O americano estuda empreendedorismo nas bases, é um movimento de início. Isso gera alguma deficiência e atraso aos nossos empreendedores”, explica Camila.

Buscar capacitação, pesquisar e mapear o mercado são formas de se manter em contato com o empreendedorismo.

2. Busque oportunidades

O empreendedor do Vale está o tempo inteiro fazendo mapeamentos, entendendo onde pode melhorar e onde estão as grandes oportunidades. Esse é um fluxo contínuo, segundo Camila. “Eles estão sempre tentando entender onde eles teriam uma vantagem competitiva. Aqui [no Brasil], somos muito mais estimulados a copiar, adaptar, e não a entender qual é a vantagem competitiva. Diferenciação é tudo no negócio”, diz a investidora.

3. Valide sua ideia

Uma ideia não vale nada se não se provar útil e vantajosa para o seu público. “O que a gente vê lá é que o empreendedor tem um trabalho prévio antes de levar o projeto para o investidor ou para o mercado. É um trabalho de preparação do seu projeto”, indica Spina.

Esse processo não é apenas de planejamento, mas também de validação de suas hipóteses. “Eles têm muita validação perante o público potencial, vão atrás, conversam com muitos que atuam nesse mercado ou com clientes potenciais pata ter uma visão muito claro do que o mercado quer”, indica.

4. Não fuja de metas claras

Não é preciso ter metas para os próximos cinco anos, mas pelo menos um ano de objetivos bem definidos pode ser útil. “Pela cultura que ele vive, pela organização, o empreendedor tem metas muito claras. No mercado brasileiro, ele se perde nas metas. Quando está atribulado com vários outros assuntos e funções ele acaba se perdendo da parte estratégica”, diz Camila.

Focar naquilo que realmente é prioridade é essencial. Se não conseguir se dividir entre operação e estratégia, vale a pena ter alguém para equilibrar esta equação.

5. Tenha mentores

Prática muito comum lá fora, poucos brasileiros buscam mentores para suas startups. “Uma coisa muito comum quando vai começar, além de definir os cofundadores, é buscar mentores para o negócio que sejam complementares ao seu próprio conhecimento”, indica Spina. Vale procurar um ex-chefe, um colega ou mesmo um executivo mais experiente que esteja disposto a participar do projeto.

6. Seja dinâmico

Estar pronto para reagir em situações adversas depende de flexibilidade. “Em um mercado dinâmico, como o de tecnologia, seu negócio pode parecer sustentável hoje e ser obsoleto no outro dia. Os empresários do Vale se tornam flexíveis”, diz Camila. Para isso, ela explica que é preciso aceitar o ‘não’, interagir com as pessoas e criar um ambiente de trabalho onde as ideias vão ser sempre bem vindas.

7. Aprenda a conviver com o fracasso

Nos Estados Unidos, o fracasso em um projeto pode ser visto com bons olhos, como um sinal de experiência e aprendizado. No Brasil, os empreendedores ainda não convivem bem com isso. “O erro não te define, ele vai te refinar. O medo do fracasso não pode te impedir de tentar algo novo. Se as coisas não funcionarem, adapta, recarrega e tenta novamente”, define Camila.

Fonte: artigo de Priscila Zuini para a Exame