“Estão vendendo digitalização sem garantir nenhum tipo de segurança – nem jurídica, nem de preservação documental. E isso está acontecendo descontroladamente”, afirma, acrescentando que sequer as normas baixadas pelo Conarq (Conselho Nacional de Arquivos) estão sendo observadas. O Plano de Gestão de Risco para preservação dos conteúdos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que tem boa parte de seu acervo digitalizado em meios eletrônicos, poderá servir para a digitalização do acervo dos cartórios. A avaliação é de Jayme Spinelli Júnior, coordenador de preservação da Fundação Biblioteca Nacional. “Se adaptado, não tenho a menor dúvida que pode servir para o acervo dos cartórios de imóveis”, afirma o especialista.
Os cartórios da região Norte foram escolhidos para iniciar o projeto da Comissão Especial para Gestão Documental do Foro Extrajudicial. Os nove Estados da região, que ocupam 61% do território nacional, se caracterizam pelos frequentes e violentos conflitos fundiários, causados muitas vezes pelo sistema caótico de registro de imóveis. “O registro de imóveis assegura a quem pertence os direitos sobre as terras e até hoje esse sistema se baseia em papel. Na Amazônia, assim como em todo o País, encontramos cartórios com livros se desfazendo, documentos esfarelados, perdidos, e informações imprecisas. O sistema, como um todo, não vem oferecendo a segurança que deveria”, aponta Antonio Carlos Alves Braga Júnior, juiz auxiliar da presidência do CNJ.
Ao todo são 533 cartórios na região. Se as ações nesses Estados derem certo, o trabalho se replicará nas demais regiões brasileiras. A medida faz parte do Plano Nacional de Modernização dos Cartórios da Amazônia Legal, coordenado pelo CNJ. Dentre as medidas que devem ser sugeridas pela Comissão, estão a criação de softwares, informatização de serviços, restauração de livros, capacitação de servidores do Poder Judiciário e serventuários de cartórios e a elaboração de repositórios digitais destinados ao arquivamento desses milhões de documentos.
No ano passado, um Acordo de Cooperação firmado entre o CNJ e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) resultou no aporte de R$ 10 milhões para custear pesquisa, compra de equipamentos de informática, produção de software de registro eletrônico e a realização de cursos de capacitação.
Fonte: TI Inside