sexta-feira, 15 de abril de 2011

Como saber se o trabalho na startup é uma roubada

O boom de empresas nascentes inovadoras, as chamadas startups, começa a se consolidar no Brasil. E muitos investidores estão de olho nos projetos dessas novas companhias. Com dinheiro no bolso e um espaço propício para conceber novas ideias, a tendência é que cresça o número de oportunidades de carreira dentro das startups brasileiras.

As vantagens são inúmeras e vão desde abertura para exercício da criatividade até ambiente favorável para o crescimento profissional. Em contrapartida, os riscos também são altos. E, para não empurrar sua carreira ladeira abaixo por investir todas as suas fichas em uma operação que já tinha tudo para dar errado, vale ficar atento para alguns aspectos.

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EXAME.com listou 7 sinais de que a oportunidade de carreira na startup pode não ser uma boa opção para você.

1. O currículo dos sócios não convence

Antes de comprar a ideia da startup, cheque o grau de lucidez dos donos da companhia. A proposta até pode ser brilhante, mas eles realmente têm estrutura intelectual, profissional e financeira para sustentá-la?

“O boom do empreendedorismo é muito positivo para o país. Mas muita gente vê isso como solução e não como resultado de um trabalho de longo prazo”, diz Eduardo Baccetti, sócio-diretor da consultoria 2GET. “Empreender em um setor em que não se conhece é como apostar numa roleta”.

Por isso, é essencial investigar o passado dos sócios da empresa. Eles entendem do mercado em que estão se lançando? Já iniciaram outro negócio? Foram bem sucedidos? Se não, por quê? Qual a experiência de mercado deles? Qual a formação?

2. O projeto só faz sentido na Lua

O charme de boa parte das startups está no quanto inovadoras elas são. Mas, às vezes, nessa de desbravar novos caminhos, muitas empresas acabam se perdendo por estar muito à frente (ou longe) das necessidades atuais.

“Procure saber qual a penetração da empresa em termos de clientes”, diz José Aranha dirigente do departamento de capital de riscos e startups da Anprotec.

Mesmo se o setor é inexistente no país, qual o potencial de mercado para aquele produto? Se é um mercado de nicho, quais as estratégias para fazer a proposta vingar?

3. O plano de negócios tem pouca consistência

Nesse ponto, é essencial checar qual o planejamento dos sócios para colocar a ideia em movimento.

E, para isso, o plano de negócios pode ser um bom termômetro.

É nesse documento que os sócios irão materializar em regras ou ações práticas todas as etapas para fazer o produto “colar” no mercado consumidor.

Os critérios para elaboração desse documento variam em cada startup. Mas, basicamente, ele deve englobar todas as estratégias de marketing da empresa – e isso só pode ser elaborado com base em um detalhado estudo de mercado – e o planejamento financeiro da startup.

Além de avaliar a consistência da elaboração desses itens, fique atento para a projeção do plano de negócios da startup em questão. No mínimo, segundo os especialistas, esse documento deve ser elaborado com uma base de alcance dos próximos cinco anos.

O planejamento também deve prever diferentes tipos de cenários. “Nenhum negócios nasce e cresce na lista que os acionistas desenharam anos atrás. Todos sofrem curvas ao longo da maturação”, diz Baccetti. E você deve ficar atento para ver como a companhia está se organizando para encará-las.

4. A fonte financeira é nebulosa

Para se manter de pé, a startup precisa de dinheiro. E existem vários meios para conseguir recursos para uma empresa nascente: programas de subvenção econômica, investidores anjo ou venture capital, entre outros.

De acordo com Flávio dos Santos, coordenador do bacharelado em Administração do Centro Universitário Senac, o tipo de fonte do capital investido na startup não influi diretamente no sucesso da empresa no futuro. “Tudo na vida envolve risco”, afirma.

Mesmo assim, a rota dos recursos da companhia pode ser um bom indicativo do quanto madura ou promissora é aquela startup.

Evidentemente, ponto para a companhia se fundos de venture capital ou investidores estrangeiros estão de olho nos projetos dela. Mas, novamente, isso não é garantia.

5. Os acordos são de boca 

Sem planos de carreira muito bem definidos, boa parte das empresas nascentes se baseiam no mesmo lema na hora de se relacionar com os funcionários: “Se a empresa crescer, os empregados crescem junto”.

Na prática, contudo, isso nem sempre se realiza. “Em alguns casos, se a startup crescer muito, as chances para quem está em cargos administrativos é de ser substituído por pessoas com mais experiência em empresas maiores”, diz Aranha.

Por isso, de acordo com os especialistas, na hora de fechar o contrato, é importante deixar às claras (e no papel) qual a sua contrapartida para quando a empresa viver seu ápice.


6. Tudo se resume a trabalho

Ao escolher uma startup como opção de carreira, deixa-se para trás toda a estrutura que uma grande empresa pode fornecer. Em contrapartida, ganha-se muito em experiência e aprendizado.

“A grande vantagem é que é possível ficar muito próximo ao centro de comando. Quando os sócios são confiáveis, é uma grande chance para aprender e ganhar uma visão completa do negócio”, afirma José Aranha dirigente do departamento de capital de riscos e startups da Anprotec.

O problema é quando, apesar de ser uma startup, as decisões ficam limitadas apenas ao poder central e falta espaço para que os funcionários exerçam a própria criatividade. Sinal vermelho também quando o negócio não combina com os valores que movem você para a vida.

Ao aceitar trabalhar em uma startup é preciso ter consciência de que os recursos serão mais limitados do que numa empresa maior e os salários, mais enxutos. Enquanto a cartela de responsabilidades e trabalho pode até ter um volume maior.

Sem real engajamento para com a proposta da startup, fica quase impossível firmar uma carreira sólida nessa área.

7. Você não se encaixa

A startup pode ser até perfeita. Mas o seu estilo profissional é adequado para esse tipo de ambiente? “Para trabalhar em startup, é preciso ter um perfil empreendedor”, diz Flávio dos Santos.

Os adjetivos que acompanham essa condição são vários - e vão desde um perfil mais de personalidade até escolhas anteriores na trajetória profissional.

“O profissional precisa ter consciência de que, em uma startup, os processos não são bem definidos, as políticas muito menos”, diz Baccetti. “Tudo vai ser construído. Ele tem que estar preparado para gastar muita sola de sapato, de agir como se fosse o próprio dono”.

Fonte: Exame.com