A Planner Corretora disponibilizou para todos os seus clientes o completíssimo boletim abaixo com as perspectivas dela para o ano de 2010:
O cenário nacional para 2010 está dado. Ao longo de 2009 as pesquisas indicavam forte crescimento do PIB, uma taxa de inflação dentro da meta, o câmbio sem grandes sustos e a volta, nada absurda, do aperto monetário - alta da taxa Selic - visando conter o descolamento da inflação em 2011. A grande maioria espera bons números, com muitos indicadores de atividade já tendo voltado para níveis pré-crise.
E, dado esse cenário de grandes e boas expectativas, o Índice Bovespa já precificou em 2009 boa parte disso. Pelo contrário, ao assistirmos a recuperação de outras economias, embora de maneira moderada, poderemos ter uma concorrência de alocação de portfólio, na busca de oportunidades ainda atrasadas, em especial a americana.
Mas, o que devemos esperar então ? No Brasil, os lucros das empresas devem mostrar evoluções consideráveis nos próximos trimestres a ponto de termos confirmadas nossas expectativas de 85.000 pontos para dezembro de 2010 e justificar múltiplos permanentemente atrativos. Por outro lado, o início da retirada dos programas de estímulos fiscais e monetários implementados por diversos países, esperados para o 2º trimestre de 2010 (2T10) e a possibilidade da inflação evoluir com baixo crescimento econômico são motivos de grande apreensão, devendo “jogar” contra as bolsas.
A questão política e as contas públicas em âmbito nacional parecem guardar as maiores atenções. Se por um lado a sucessão presidencial parece menos problemática, já que tanto Dilma como Serra tem plenas condições de governabilidade, o atual lado fiscal chama a atenção pela rápida deterioração. O governo deu continuidade a uma série de medidas de desonerações fiscais e promoveu uma política de reajuste de salários. Promoveu ainda uma expansão significativa da dívida pública / PIB, através de concessões de crédito da União a instituições financeiras oficiais, dando continuidade às medidas “anticíclicas” mesmo com a retomada da economia estando evidente. Ou seja, acendeu a luz amarela já que a persistência prejudicará não só o crescimento econômico sem inflação nos próximos anos, como a sustentabilidade fiscal.
Inflação
Os preços ao consumidor e no atacado terão uma trajetória mais próxima em 2010. Os preços no atacado vão subir, mas não se esperam grandes reajustes na indústria. Apesar do ciclo de ajustes nos estoques já terem acabado, há ainda capacidade ociosa que não será ocupada de forma tão rápida a ponto de exercer pressão nos preços.
Taxa de Juros
O Banco Central (BC) terá que definir um momento para elevar a taxa de juros Selic, a ponto de retorná-la a um nível considerado neutro e que minimize apreensões sobre desvios da inflação das metas de 2011. Esse momento esperamos para o 2º semestre de 2010 (2S10), já que ainda há boa capacidade ociosa por parte das indústrias, que compensará a pressão do segmento de serviços.
Em ano eleitoral os juros devem começar a embutir o posicionamento dos candidatos à presidente para as políticas monetária, cambial e fiscal, eventuais transições no BC, as estratégias de retirada dos estímulos às economias e o comportamento do déficit das transações correntes e orçamentário. Há temores, contudo, de que dado o processo eleitoral a necessidade de aperto monetário seja postergado, com dose mais reforçada apenas em 2011. Acreditamos que o BC tem se mostrado muito eficiente, oportuno e independente em suas decisões, de maneira que não esperamos tal comportamento.
Taxa de Câmbio
A valorização do real é uma preocupação constante, dada a atratividade do Brasil perante o capital estrangeiro. Os grandes investimentos a serem realizados no país e a continuidade da taxa de juros em níveis ainda altos em relação ao resto do mundo, contribuem para a migração de recursos para o país. A questão do IOF de 2% na entrada de novos recursos estrangeiros, tanto em renda variável como em renda fixa, não intimida capitais de longo prazo. Apesar dessa expectativa, não esperamos movimentos de grandes valorizações do real, exceto quanto ao desenrolar das campanhas eleitorais dos candidatos à presidente da república, seus programas de governo e discursos. Por conta disso, esperamos maior volatilidade, com conseqüente reflexo nos mercados. De qualquer forma a economia está bem e isso, por si só, já traz pressão de valorização no real. Estados Unidos
Uma economia que tem no consumo o grande propulsor de sua atividade, não terá forte impulso enquanto não começar a gerar emprego. E o que temos visto é a taxa de desemprego atingir 10% e os seguros-desemprego continuarem a ser solicitados em níveis desconfortáveis. Apesar da Confiança do Consumidor ter se recuperado – de 25,3% em fevereiro/09 para 52,9% em dezembro/09 pelo Índice Conference Board – ainda continua extremamente baixo.
Europa
Os países conhecidos como PIGS – Portugal, Itália, Grécia e Espanha – encontram-se diante de uma crise sem precedentes, ameaçam o padrão de moeda única, o euro, e arrastar outros países no mesmo sentido. A dívida pública da Grécia deve chegar a 125% do PIB em 2010, a Itália já atingiu mais de 100% e a Espanha caminha nesse sentido.
A Alemanha parece ser a salvação. Apesar de “locomotiva” da região tem suas limitações e deve pensar bem em resgatar outras economias para o bem de todos ou infelizmente colaborar para retardar a implantação das lições básicas de economia e dar um sinal perigoso de irresponsabilidade compensada – moral hazard. Ou seja, não devemos esperar grandes sinalizações da região.
China
Continuará minimizando os efeitos da crise no mundo, sendo a principal responsável pela recuperação da atividade econômica internacional. Os dados mais recentes sobre a economia chinesa reforçaram o otimismo percebendo-se, principalmente na produção industrial, sinais de expansão sustentada, sem expressivo apoio do pacote de estímulo de US$ 585 bilhões do final de 2008.
O governo chinês está ciente de que o crescimento pode assumir um ritmo capaz de acentuar as distorções causadas pelo excesso de capital no mercado interno e de capital vindo do exterior, em consequência do estímulo econômico do governo e das baixas taxas de rendimento pelo mundo. As grandes preocupações estão na perspectiva do surgimento de bolhas em setores alavancados pelo pacote, como o imobiliário, com o direcionamento do crédito para setores com excesso de produção, e de pressão inflacionária. Mesmo assim, o governo chinês anunciou que pretende direcionar o fluxo programado para 2010 do pacote de estímulo principalmente para a expansão do consumo doméstico e a recuperação do ritmo das exportações.
Perspectivas Setoriais
Nossa expectativa é de um Índice Bovespa em 85.000 pontos para dezembro de 2010. O movimento mais modesto está baseado na antecipação, em 2009, da recuperação econômica esperada para 2010. O mercado pagou uma recuperação que está se sustentando. Logo, uma performance mais robusta estará condicionada aos lucros das empresas e cenário tranquilo para expectativas de alta da taxa Selic e Fed Funds.
Em um ano de forte crescimento do PIB, acreditamos que em maior ou menor medida haverá um crescimento generalizado dos setores. Temos como expectativas mais favoráveis os setores ligados a infra-estrutura, em especial aeroportos, rodovias, portos, por esperarmos eventos como Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016) e entendermos que demandarão fortes investimentos que não podem demorar a serem iniciados. Vemos ainda crescimento em setores como siderurgia, bancos, petróleo, comércio varejista e construção civil. Nossos destaques nesses setores são:
- OGX ON (OGXL3): R$ 20,70
A empresa tem muito por crescer e suas recentes descobertas proporcionam alternativa à Petrobras, dado as crescentes dúvidas de seu processo de capitalização. Já apareceu na prévia do Índice Bovespa para janeiro e com o desdobramento que será realizado suas ações ganharão mais liquidez.
- LLX ON (LLXL3): R$ 10,70
O projeto super porto do Açu é um complexo industrial acoplado ao porto, onde já estão definidas duas siderúrgicas e uma cimenteira. É um projeto muito interessante, com as indústrias já dando vazão para suas exportações ou agilizando processos de importações de matérias-primas.
- OHL Brasil ON (OHLB3): R$ 41,42
Com os eventos esportivos a serem realizados no Brasil – Copa do Mundo e Olimpíadas – a malha rodoviária será fundamental, assim como com o crescimento forte esperado para economia nacional, o transporte pesado será destaque de recuperação. Este cenário beneficia mais a OHL.
- Triunfo Participações ON (TPIS3): R$ 9,00
Seus negócios estão voltados para infra-estrutura, com destaque para o início das atividades de sua usina de energia elétrica, em conjunto com as atividades já iniciadas de portos e administração de rodovia.
- Pão de Açucar PNA (PCAR5): R$ 66,50
Muito a absorver sinergias da aquisição do Ponto Frio e expertise da Casas Bahia, destacando-se seu empenho em ganhar musculatura no atendimento a classe baixa onde acreditamos tem muito para crescer.
- Banco Panamericano PN (BPNM4): R$ 13,00
A associação com a CEF lhe permitirá maior competitividade em seu nicho de mercado – financiamento à veículos – permitindo-lhe crescer sem penalizações de margens operacionais.
- Gerdau PN (GGBR4): R$ 33,50
Tanto no mercado interno, como mercado americano, a empresa estará se beneficiando. O mercado americano demonstra recuperações comedidas e o setor de construção civil no Brasil está com o programa Minha Casa Minha Vida trazendo muito boas expectativas.
- Gol PN (GOLL4): R$ 30,00
A partir do 2º semestre, as estatísticas de ocupação das aeronaves e recuperação de rentabilidade ficaram mais evidentes. A rápida recuperação econômica, o menor receio de desemprego e crescimento da renda, além do forte período sazonal incrementaram o movimento, trazendo a percepção de que o setor voltará a ter forte recuperação de ocupação e resultado.
- Cyrela ON (CYRE3): R$ 29,00
Expectativa de crescimento no volume de lançamentos de vendas contratadas, assim como maior volume de entregas de empreendimentos. Está fortemente posicionada no segmento econômico, através da controlada Living, a qual responde hoje por 33% dos negócios do Cyrela, com a expectativa de atingir 50% em 2012. - EZTec ON (EZTC3): R$ 11,50
Destaque entre as small caps do setor, com lançamentos direcionados tanto na classe média/média alta como também no segmento comercial. A empresa possui lançamentos já programados em 2010 em ambos segmentos de negócios, os quais deverão impulsionar fortemente os resultados da empresa. Além disso, a empresa mantém uma posição de caixa líquido positivo que dá conforto para execução desses empreendimentos.
Alimentos
O complexo de carnes deverá reagir de maneira distinta, dependendo do tipo de carne. A oriunda de bovinos deverá se recuperar internamente com mais rapidez do que a carne de aves, já que os principais entraves, como doenças, já foram quase que totalmente superados (a certificação de fazendas criadoras de gado está em ritmo bastante acelerado) o que permite aumentar as exportações.
As exportações deverão ter como empecilho o fator câmbio que inibe uma atuação mais agressiva por parte das principais empresas exportadoras, que deverão aproveitar o aumento da massa salarial para direcionar qualquer excedente ao mercado interno. Já a carne oriunda de aves deverá sofrer um pouco mais, com um cenário de recuperação de preços mais plausível para o início do 2º semestre de 2010 (2S10). As exportações também são penalizadas pelo fator câmbio e por uma demanda internacional enfraquecida por razões macroeconômicas.
Apesar do setor de carne branca ainda não ter recuperado sua lucratividade histórica, acreditamos que a partir do 2S10, a BR Foods (BRFS3) deverá conseguir recompor suas margens de lucratividade, bem como a união com a Sadia poderá ser melhor rentabilizada, com ganhos de sinergia que ainda não foram possíveis demonstrar.
As notícias sobre o preço da arroba do boi para 2010 são de estabilidade permitindo que tanto Minerva (BEEF3), como Marfrig (MRFG3) e JBS Friboi (JBSS3) possam recompor suas margens. Marfrig e JBS passam por momentos de reestruturação e deverão demorar um pouco mais para conseguirem obter as sinergias que esperam das aquisições ou fusões realizadas em 2009. Neste caso, a Minerva nos parece ser uma opção um pouco mais interessante para o médio prazo.
Agrícola
Competitividade do agronegócio nacional proporciona dinâmica favorável em 2010. O Brasil é um dos maiores produtor / exportador de produtos agrícolas e possui um dos menores custos de produção do mundo. Em 2009 o setor passou por momentos bastante difíceis sensibilizado por um aperto do lado da oferta do crédito, retração da demanda internacional, menores investimentos em produtividade agrícola, preços de commodities agrícolas em queda e piora na condição financeira do agricultor.
Passado o pior da crise acreditamos que em 2010 a retomada da demanda será gradual. Pelo lado da oferta, esperamos aumento nas principais commodities agrícolas. E mesmo com a expansão da oferta, os preços devem apresentar alta moderada. No geral, a competitividade do agronegócio brasileiro proporcionará uma dinâmica favorável para o setor em 2010. Como fator que pode impulsionar o setor citamos a recuperação da renda em 2010 na casa dos 6% frente forte queda de mais de 10% em 2009.
A rentabilidade do produtor rural deve aumentar em 2010, impulsionada por menores custos de produção que deve mais do que compensar a alta moderada do lado dos preços. Assim sendo, a recuperação da demanda mundial aliado a uma maior oferta interna, deve propiciar uma elevação do quantum exportado para a maioria dos produtos, gerando um acréscimo de 13% no superávit na balança comercial do agronegócio, para US$ 56 bilhões (Tendências Consultoria). No geral, teremos renda e rentabilidade melhores para 2010.
Destaque para a diversificada pauta de exportações brasileira; a importante participação do setor agrícola no equilíbrio das contas externas; as fontes de financiamento governamentais a custo e prazos adequados; perspectiva de melhora de volumes e de preços em 2010 que trarão importante superávit da balança comercial do agronegócio. Atentar para a dinâmica do câmbio e a perspectiva de um real ainda valorizado; a forte dependência do clima e de oferta de crédito a custo competitivo; e a alavancagem do produtor rural.
No setor destacamos a SLC Agrícola (SLCE3) um dos maiores produtores brasileiros de algodão, soja e milho, e que deve apresentar um melhor exercício em 2010 com aumento de produção e recuperação de margens pela redução de custos, retomada do ritmo de expansão de áreas, e manutenção da eficiência operacional. Dentre sua estratégia de expansão está a aquisição e o arrendo de novas fazendas, a expansão da produção via arrendamento e a ampliação do cultivo da segunda safra de algodão e milho no mesmo ano-safra.
Aviação Comercial
Acreditamos que 2010 será marcado pela retomada do crescimento na demanda de dois dígitos (entre 10% e 12%) ante 2009. Destacamos principais direcionadores deste crescimento que esperamos: (i) o crescimento do PIB previsto para o ano; (ii) a expansão da renda da população brasileira, em especial da classe média, (iii) investimentos em geradores de taxa de ocupação por parte das empresas aéreas (parcelamento em 36x e 48x; expansão dos programa de milhagem através dos cartões de crédito e bônus em milhas.
A estabilidade dos preços de petróleo deve permanecer durante o ano, o que nos guia para uma expectativa para este ano de custos menos pressionados. Já o câmbio deverá trazer algumas surpresas ao longo do caminho por conta de 2010 ser um ano de eleição presidencial, contudo, as atuais premissas e condição macroeconômica brasileira aponta para um caminho de ligeira apreciação por conta da forte entrada de capitais no Brasil.
A infra-estrutura deverá ser amplamente analisada em relação a preparação para os eventos futuros (Copa do Mundo e Jogos Olímpicos), visto que o setor apresenta gargalos na infra-estrutura dos principais aeroportos, o que acaba inibindo novos investimentos. A concessão de aeroportos e terminais à iniciativa privada e a tramitação do projeto de lei para capitalização de companhias aéreas com capital estrangeiro serão importantes investimentos que o Brasil poderá realizar para fazer frente ao forte crescimento do turismo previsto para os próximos anos. Com ênfase no crescimento doméstico, acreditamos que a GOL (GOLL4) e TAM (TAMM4) deverão capturar o crescimento previsto, mesmo com os atuais gargalos do setor.
Já o sub-setor de material de transporte aeronáutico que aborda também o segmento executivo e de defesa, captou plenamente os efeitos da crise econômico-financeira mundial em 2009 e não deverá apresentar sinais de forte recuperação em 2010. Por conta do longo ciclo de produção, os efeitos na redução de demanda são mais prolongados na comparação com outros setores, acreditamos que a demanda por novas aeronaves comerciais continue bastante baixa em relação aos níveis pré-crise mundial e dramática para o segmento de jatos executivos. O mercado internacional continuará bastante deprimido por conta das perdas estimadas para o consolidado mundial das companhias aéreas em 2010. Acreditamos que a Embraer (EMBR3) não seja neste momento uma boa opção de investimento a luz deste cenário mundial.
Concessão de Rodovias
A recuperação da atividade econômica brasileira em 2009 mostrou o quanto defensivo o setor pode ser em momentos turbulentos. A fraca base do fluxo de veículos pesados deverá justificar as maiores taxas de crescimento em relação aos veículos leves, que seguem na esteira do crescimento da renda da população brasileira e as melhores condições de financiamento de veículos passeio nos últimos anos. Por conta da previsão de indicadores de inflação (IPCA e IGP-M) em níveis controlados para 2010, esperamos um menor crescimento orgânico das receitas de arrecadação de pedágio através de menores reajustes tarifários ante 2009, mas compensados por um menor crescimento nos custos.
O ano de 2010 também deverá ser marcado pela continuidade de novas oportunidades de investimentos em múltiplos projetos, mais atrativos devido ao menor nível da taxa de juros básica da economia brasileira. Esperamos novas rodadas de leilões e licitações de projetos com significativos investimentos, dentre eles destacamos por ordem de importância para o setor: (i) Trem de Alta Velocidade - TAV; (ii) Expresso Aeroporto de São Paulo - Cumbica / Congonhas; (iii) trecho sul e leste do Rodoanel; (iv) projetos metrôs / trens nas cidades de Curitiba, Brasília e Porto Alegre; (v) concessões a serem licitadas no Estado de Minas Gerais; (vi) negócios correlatos como aquisições no mercado secundário, estacionamentos, inspeção veicular e logística. Com estes direcionadores e oportunidades, esperamos uma perfomance atrativa de valorização para as ações da CCR Rodovias (CCRO3), OHL Brasil (OHLB3) e Triunfo Participações (TPIS3).
Consumo
A indústria de bebidas continuará a sua trajetória ascendente de consumo, principalmente o setor de cerveja favorecido pelo fator clima. Outros segmentos que se destacam são o de água mineral, mercado que nos últimos anos tem crescido, e de bebidas energéticas. A indústria de água de coco está se transformando, com a entrada de empresas de porte mundial, que vêem neste mercado uma oportunidade de crescimento em virtude de ser considerada uma bebida saudável. O segmento de refrigerantes poderá encolher proporcionalmente ao crescimento de bebidas energéticas, água mineral e água de coco, porém, sem deixar de crescer, pois seu consumo tanto por adultos que preferem evitar bebida alcoólica, mesmo em situações sociais, como por não adultos, não deverá arrefecer. A Ambev (AMBV4) neste contexto continua sendo uma boa oportunidde de investimento, reforçada ainda pelo efeito Copa do Mundo, que historicamente é um catalisador do setor.
Em relação ao mercado de tabaco, os crescimentos observados em anos anteriores não deverão voltar a se repetir. Muitos governos estão editando leis que proíbem ou mesmo inibem o hábito de fumar. Estas medidas têm desmotivado muitos apreciadores de tabaco a continuarem a usufruir deste prazer, tornando-os ex-fumantes. Estas medidas forçam o mercado a se restringir mas, apesar de tudo, Souza Cruz (CRUZ3) ainda continuará sendo uma ótima distribuidora de dividendos.
O setor de cosméticos deverá se beneficiar bastante com o aumento da renda das classes C, D e E e tem se mostrado resiliente em termos de consumo mesmo em épocas de desaceleração econômica. Isto, porém, não necessariamente é válido a todas as empresas deste setor, mas aquelas com maior suporte administrativo têm conseguido mostrar bons resultados.
O crescimento do consumo de linha mais popular também beneficiará os produtos mais caros e com melhor qualidade, muitas vezes alvo da cobiça feminina e que não são consumidos por não se encaixarem no orçamento doméstico. A Natura (NATU3) tem conseguido mostrar desempenho acima da média em um mercado altamente competitivo e que muitas vezes sofre com a informalidade.
Construção Civil
O setor imobiliário experimentou, em pouco mais de um ano, três situações distintas de comportamento de mercado. Primeiro, desde o ano de 2007 até meados de 2008, o que se via era uma euforia exagerada, baseada na expectativa que todas as premissas otimistas pudessem se realizar até com certa facilidade. Em seguida, com resultado do agravamento da crise internacional no 2S09, com reflexos inevitáveis no Brasil, o setor sofreu uma freada drástica no ritmo de lançamentos e de vendas nos seus principais segmentos de atuação. O crédito ficou mais caro e limitado junto aos bancos e as empresas passaram a rever projetos de lançamentos de forma mais criteriosa, principalmente quanto à expectativa de demanda. Com isso a desaceleração no ritmo de lançamentos foi muito evidente no 1S09.
Em terceiro plano, teve inicio, a partir do 2º trimestre de 2009 (2T09) uma retomada das vendas, e em ritmo mais lento a de lançamentos, momento em que as empresas procuraram realizar estoques. O 4T09 deverá ser o mais forte do ano, sinalizando que este ritmo poderá ser mantido em 2010. Os dados de novembro já mostraram forte crescimento nas liberações de recursos, registrando um recorde de R$ 3,6 bilhões e sinalizando que poderá atingir R$ 32 bilhões no ano, podendo atingir até R$ 50 bilhões em 2010, somente com recursos da poupança. Existe ainda a parcela relacionada aos recursos do FGTS que segundo a ABECIP, poderão atingir R$ 23 bilhões em 2010. Se confirmarem os números para 2010, a relação crédito imobiliário sobre o PIB deverá ficar na faixa de 4%.
Esta estimativa está fundamentada numa retomada forte nos lançamentos residenciais, que terão como alvo o Programa do governo, “Minha Casa Minha Vida”, que vem atraindo grande parte das incorporadoras, com promessa de volumes extraordinários de unidades a lançar. O Programa tem por trás, o incentivo via subsídios importantes para a classe de baixa renda e também benefícios fiscais às incorporadoras. Contudo, não se deve imaginar que o “Minha Casa Minha Vida” irá sustentar os negócios e rentabilidade do setor no longo prazo. Embora o plano de redução do déficit habitacional brasileiro seja uma meta a ser perseguida pelo governo federal, ainda existem entraves que necessitam ser resolvidos para acelerar a eficiência da cadeia de processos até efetiva execução de um volume maciço de obras prometidas. Diante deste cenário positivo, acreditamos que as empresas listadas em bolsa, deverão continuar apresentando desempenho positivo, considerando que atualmente já não existe corrida para aquisição de terrenos, o que consome bastante capital e também existe expectativa de maior volume de entregas de imóveis em 2010, o que deverá contribuir para recompor o caixa das empresas. Contudo, procuramos sempre destacar a característica do setor de grande consumidor de caixa, o que mantém o setor sempre exposto a eventuais mudanças de cenário macroeconômico.
Acreditamos que dentre as empresas listadas em bolsa, as maiores e mais líquidas - Cyrela (CYRE3), Gafisa (GFSA3), Rossi (RSID3) e PDG Realty (PDGR3) - deverão se beneficiar mais do atual cenário, considerando que já têm constituido extensos bancos de terrenos e atuam em segmentos diversos de classe de renda. A MRV (MVRE3) com foco na baixa renda, também deverá capturar fortemente os benefícios do programa de incentivos à casa própria para baixa renda. Destaque entre as small caps do setor, a EZ Tec (EZTC3) tem lançamentos direcionados tanto na classe média / média alta como também no segmento comercial e mantém uma posição de caixa líquido positivo que dá conforto para execução dos empreendimentos.
Material de Construção
O setor de materiais de construção tem previsão de encerrar 2009 com queda de 8% a 10% na produção de insumos. Esta estimativa é decorrente de restrição do crédito ao consumidor e dos estoques acumulados nas lojas, o que em grande parte é explicado pela desaceleração ocorrida na construção civil como um todo, notadamente no 1S09. Cabe destacar que o setor possui uma grande diversidade de itens produzidos e, portanto, pode eventualmente registrar comportamento distinto entre seus sub-setores. Para 2010 a estimativa é de um crescimento de 15% no faturamento do setor, reflexo não só da menor base de referência - queda em 2009 - mas também pela motivação decorrente da prorrogação do IPI reduzido para materiais de construção a vigorar até junho de 2010.
Para os próximos anos, a expectativa é de forte crescimento na atividade do setor. Tal estimativa baseia-se não somente no curso normal da expansão prevista para o setor da construção civil, impulsionada pelos incentivos do governo para a aceleração do atendimento à demanda por imóveis, pela baixa renda, mas também dos eventos Copa do Mundo em 2014 e Jogos Olímpicos em 2016. Dentre os vários sub-setores, acreditamos que as indústrias de cimento e de aços longos, por exemplo, devem ser mais beneficiadas ao longo dos próximos anos, considerando que além dos segmentos residencial e comercial, haverá grande consumo por parte dos setores de infraestrutura.
As duas empresas listadas em bolsa que atuam no segmento de materiais de construção são Duratex (DTEX3) e Eternit (ETER3). Embora os produtos de ambas as empresas atendam somente parte do universo do setor de materiais de construção, acreditamos que estas empresas continuarão refletindo os benefícios da demanda crescente do setor. A Duratex, com forte atuação no segmento de madeiras e de louças sanitárias, atendendo as diversas classes de consumidores. A Eternit, por sua vez, atende o segmento de caixas d´água, telhas de fibrocimento, louças sanitárias, etc.
Energia Elétrica
O consumo de energia elétrica deverá crescer 9,4% em 2010 sobre 2009, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética - EPE, acompanhando a evolução de 6% da economia nacional. Para o período entre 2010 e 2018, o consumo total de eletricidade deve crescer a uma taxa anual de 5,2%, chegando a 681,7 mil GWh em 2018, e acarretando uma elasticidade-renda (razão entre o aumento do consumo de eletricidade e o crescimento da atividade econômica) de 1,04 para o período.
A EPE destaca que influenciam os resultados as ações de eficiência energética e a autoprodução de energia, que se caracteriza pela geração própria de eletricidade a partir de instalações localizadas junto às unidades de consumo. Para se ter uma ideia, o crescimento da autoprodução já alcança 8,4% ao ano, devendo chegar a 74,4 mil GWh em 2018. Já as ações de eficiência energética deverão acarretar a economia no período de 3% do consumo de eletricidade, o que corresponde a 21 mil GWh, ou 2,4 mil MW médios em 2018.
Este número significa evitar a instalação de uma hidrelétrica de 4.500 MW (1,5 vez a capacidade da usina de Jirau, no Rio Madeira). Por sua vez, em termos de emissões, seria como evitar que uma termelétrica a carvão emitisse anualmente 27 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), volume que supera a emissão total do sistema elétrico brasileiro em 2008, que foi de cerca de 22 milhões de toneladas de CO2.
As projeções da EPE tomam por base a recuperação das indústrias no pós-crise, as políticas de expansão de infraestrutura do governo em andamento e o progresso da renda do trabalhador. Tais fatores puxam para cima o consumo residencial, e, principalmente, o comercial.
Acreditamos que dentre as empresas do setor negociadas na Bovespa – na sua maioria de perfil defensivo e grandes geradoras de caixa – as que podem ter um desempenho melhor em termos de valorização serão aquelas que guardem alguma expectativa fora das questões normais do setor. Ou seja, algum fato ligado particularmente à empresa como Eletrobras (ELET3) e os dividendos acumulados das ações ordinárias; relevantes ganhos de perda de energia na Light (LIGT3); aquisições da Equatorial (EQTL3) na região nordeste e confirmação da troca de governo no Paraná e reflexo positivo na Copel (CPLE6).
Fertilizantes
Cenário é de gradativa melhora de preços e volumes para 2010. Segundo a ANDA - Associação Nacional para Difusão de Adubos, as vendas do setor devem atingir 22,2 milhões de toneladas em 2009, 1% abaixo das 22,43 milhões de toneladas de 2008. O faturamento, contudo, deve somar R$ 19,2 bilhões, com queda de 23,8%. Em dólares, a retração deverá ser de 31,1%, para US$ 9,78 bilhões.
Para 2010, a recuperação do segmento poderá ser via desvalorização do dólar. Porém, dado que o comportamento do câmbio é de difícil mensuração uma forma é olhar para as commodities agrícolas, notadamente soja, milho e cana-de-açúcar, que respondem por 67% da demanda por fertilizantes no Brasil. A perspectiva para estas culturas é positiva. Soja e cana-de-açúcar permanecem em alta e o milho pode se recuperar com uma menor oferta dos EUA. Do lado dos produtores, porém, um real valorizado é um fator de risco e pode ensejar uma redução dos gastos com insumos.
A recuperação de volumes e de preços deve ser gradativa em 2010. Em termos de volumes espera-se um retorno da sazonalidade histórica, com o 1S10 respondendo por cerca de 1/3 das vendas. Da mesma forma, em função de maior estabilidade do mercado, com os estoques ajustados a demanda, aliado a uma conjuntura mais favorável, além de ser um ano de eleições onde geralmente a oferta de crédito para a agricultura acontece, o crescimento de vendas devem ser da ordem de 4%. Atentar para a dinâmica setorial.
O desempenho das vendas tem forte correlação com a política agrícola do governo e com a condição financeira do produtor rural, que por sua vez depende do volume colhido, dos preços vigentes na época da comercialização e da relação de troca grãos / fertilizantes, ou seja, a quantidade de produto necessária para adquirir uma tonelada de adubo.
Outro ponto importante e que deverá ser conhecido ainda no 1S10, é o Marco regulatório do setor de Fertilizantes. De acordo com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a proposta para o segmento dos nitrogenados já está definida, mas há questões em aberto nos casos do potássio e
O cenário nacional para 2010 está dado. Ao longo de 2009 as pesquisas indicavam forte crescimento do PIB, uma taxa de inflação dentro da meta, o câmbio sem grandes sustos e a volta, nada absurda, do aperto monetário - alta da taxa Selic - visando conter o descolamento da inflação em 2011. A grande maioria espera bons números, com muitos indicadores de atividade já tendo voltado para níveis pré-crise.
E, dado esse cenário de grandes e boas expectativas, o Índice Bovespa já precificou em 2009 boa parte disso. Pelo contrário, ao assistirmos a recuperação de outras economias, embora de maneira moderada, poderemos ter uma concorrência de alocação de portfólio, na busca de oportunidades ainda atrasadas, em especial a americana.
Mas, o que devemos esperar então ? No Brasil, os lucros das empresas devem mostrar evoluções consideráveis nos próximos trimestres a ponto de termos confirmadas nossas expectativas de 85.000 pontos para dezembro de 2010 e justificar múltiplos permanentemente atrativos. Por outro lado, o início da retirada dos programas de estímulos fiscais e monetários implementados por diversos países, esperados para o 2º trimestre de 2010 (2T10) e a possibilidade da inflação evoluir com baixo crescimento econômico são motivos de grande apreensão, devendo “jogar” contra as bolsas.
A questão política e as contas públicas em âmbito nacional parecem guardar as maiores atenções. Se por um lado a sucessão presidencial parece menos problemática, já que tanto Dilma como Serra tem plenas condições de governabilidade, o atual lado fiscal chama a atenção pela rápida deterioração. O governo deu continuidade a uma série de medidas de desonerações fiscais e promoveu uma política de reajuste de salários. Promoveu ainda uma expansão significativa da dívida pública / PIB, através de concessões de crédito da União a instituições financeiras oficiais, dando continuidade às medidas “anticíclicas” mesmo com a retomada da economia estando evidente. Ou seja, acendeu a luz amarela já que a persistência prejudicará não só o crescimento econômico sem inflação nos próximos anos, como a sustentabilidade fiscal.
Inflação
Os preços ao consumidor e no atacado terão uma trajetória mais próxima em 2010. Os preços no atacado vão subir, mas não se esperam grandes reajustes na indústria. Apesar do ciclo de ajustes nos estoques já terem acabado, há ainda capacidade ociosa que não será ocupada de forma tão rápida a ponto de exercer pressão nos preços.
Taxa de Juros
O Banco Central (BC) terá que definir um momento para elevar a taxa de juros Selic, a ponto de retorná-la a um nível considerado neutro e que minimize apreensões sobre desvios da inflação das metas de 2011. Esse momento esperamos para o 2º semestre de 2010 (2S10), já que ainda há boa capacidade ociosa por parte das indústrias, que compensará a pressão do segmento de serviços.
Em ano eleitoral os juros devem começar a embutir o posicionamento dos candidatos à presidente para as políticas monetária, cambial e fiscal, eventuais transições no BC, as estratégias de retirada dos estímulos às economias e o comportamento do déficit das transações correntes e orçamentário. Há temores, contudo, de que dado o processo eleitoral a necessidade de aperto monetário seja postergado, com dose mais reforçada apenas em 2011. Acreditamos que o BC tem se mostrado muito eficiente, oportuno e independente em suas decisões, de maneira que não esperamos tal comportamento.
Taxa de Câmbio
A valorização do real é uma preocupação constante, dada a atratividade do Brasil perante o capital estrangeiro. Os grandes investimentos a serem realizados no país e a continuidade da taxa de juros em níveis ainda altos em relação ao resto do mundo, contribuem para a migração de recursos para o país. A questão do IOF de 2% na entrada de novos recursos estrangeiros, tanto em renda variável como em renda fixa, não intimida capitais de longo prazo. Apesar dessa expectativa, não esperamos movimentos de grandes valorizações do real, exceto quanto ao desenrolar das campanhas eleitorais dos candidatos à presidente da república, seus programas de governo e discursos. Por conta disso, esperamos maior volatilidade, com conseqüente reflexo nos mercados. De qualquer forma a economia está bem e isso, por si só, já traz pressão de valorização no real. Estados Unidos
Uma economia que tem no consumo o grande propulsor de sua atividade, não terá forte impulso enquanto não começar a gerar emprego. E o que temos visto é a taxa de desemprego atingir 10% e os seguros-desemprego continuarem a ser solicitados em níveis desconfortáveis. Apesar da Confiança do Consumidor ter se recuperado – de 25,3% em fevereiro/09 para 52,9% em dezembro/09 pelo Índice Conference Board – ainda continua extremamente baixo.
Europa
Os países conhecidos como PIGS – Portugal, Itália, Grécia e Espanha – encontram-se diante de uma crise sem precedentes, ameaçam o padrão de moeda única, o euro, e arrastar outros países no mesmo sentido. A dívida pública da Grécia deve chegar a 125% do PIB em 2010, a Itália já atingiu mais de 100% e a Espanha caminha nesse sentido.
A Alemanha parece ser a salvação. Apesar de “locomotiva” da região tem suas limitações e deve pensar bem em resgatar outras economias para o bem de todos ou infelizmente colaborar para retardar a implantação das lições básicas de economia e dar um sinal perigoso de irresponsabilidade compensada – moral hazard. Ou seja, não devemos esperar grandes sinalizações da região.
China
Continuará minimizando os efeitos da crise no mundo, sendo a principal responsável pela recuperação da atividade econômica internacional. Os dados mais recentes sobre a economia chinesa reforçaram o otimismo percebendo-se, principalmente na produção industrial, sinais de expansão sustentada, sem expressivo apoio do pacote de estímulo de US$ 585 bilhões do final de 2008.
O governo chinês está ciente de que o crescimento pode assumir um ritmo capaz de acentuar as distorções causadas pelo excesso de capital no mercado interno e de capital vindo do exterior, em consequência do estímulo econômico do governo e das baixas taxas de rendimento pelo mundo. As grandes preocupações estão na perspectiva do surgimento de bolhas em setores alavancados pelo pacote, como o imobiliário, com o direcionamento do crédito para setores com excesso de produção, e de pressão inflacionária. Mesmo assim, o governo chinês anunciou que pretende direcionar o fluxo programado para 2010 do pacote de estímulo principalmente para a expansão do consumo doméstico e a recuperação do ritmo das exportações.
Perspectivas Setoriais
Nossa expectativa é de um Índice Bovespa em 85.000 pontos para dezembro de 2010. O movimento mais modesto está baseado na antecipação, em 2009, da recuperação econômica esperada para 2010. O mercado pagou uma recuperação que está se sustentando. Logo, uma performance mais robusta estará condicionada aos lucros das empresas e cenário tranquilo para expectativas de alta da taxa Selic e Fed Funds.
Em um ano de forte crescimento do PIB, acreditamos que em maior ou menor medida haverá um crescimento generalizado dos setores. Temos como expectativas mais favoráveis os setores ligados a infra-estrutura, em especial aeroportos, rodovias, portos, por esperarmos eventos como Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016) e entendermos que demandarão fortes investimentos que não podem demorar a serem iniciados. Vemos ainda crescimento em setores como siderurgia, bancos, petróleo, comércio varejista e construção civil. Nossos destaques nesses setores são:
- OGX ON (OGXL3): R$ 20,70
A empresa tem muito por crescer e suas recentes descobertas proporcionam alternativa à Petrobras, dado as crescentes dúvidas de seu processo de capitalização. Já apareceu na prévia do Índice Bovespa para janeiro e com o desdobramento que será realizado suas ações ganharão mais liquidez.
- LLX ON (LLXL3): R$ 10,70
O projeto super porto do Açu é um complexo industrial acoplado ao porto, onde já estão definidas duas siderúrgicas e uma cimenteira. É um projeto muito interessante, com as indústrias já dando vazão para suas exportações ou agilizando processos de importações de matérias-primas.
- OHL Brasil ON (OHLB3): R$ 41,42
Com os eventos esportivos a serem realizados no Brasil – Copa do Mundo e Olimpíadas – a malha rodoviária será fundamental, assim como com o crescimento forte esperado para economia nacional, o transporte pesado será destaque de recuperação. Este cenário beneficia mais a OHL.
- Triunfo Participações ON (TPIS3): R$ 9,00
Seus negócios estão voltados para infra-estrutura, com destaque para o início das atividades de sua usina de energia elétrica, em conjunto com as atividades já iniciadas de portos e administração de rodovia.
- Pão de Açucar PNA (PCAR5): R$ 66,50
Muito a absorver sinergias da aquisição do Ponto Frio e expertise da Casas Bahia, destacando-se seu empenho em ganhar musculatura no atendimento a classe baixa onde acreditamos tem muito para crescer.
- Banco Panamericano PN (BPNM4): R$ 13,00
A associação com a CEF lhe permitirá maior competitividade em seu nicho de mercado – financiamento à veículos – permitindo-lhe crescer sem penalizações de margens operacionais.
- Gerdau PN (GGBR4): R$ 33,50
Tanto no mercado interno, como mercado americano, a empresa estará se beneficiando. O mercado americano demonstra recuperações comedidas e o setor de construção civil no Brasil está com o programa Minha Casa Minha Vida trazendo muito boas expectativas.
- Gol PN (GOLL4): R$ 30,00
A partir do 2º semestre, as estatísticas de ocupação das aeronaves e recuperação de rentabilidade ficaram mais evidentes. A rápida recuperação econômica, o menor receio de desemprego e crescimento da renda, além do forte período sazonal incrementaram o movimento, trazendo a percepção de que o setor voltará a ter forte recuperação de ocupação e resultado.
- Cyrela ON (CYRE3): R$ 29,00
Expectativa de crescimento no volume de lançamentos de vendas contratadas, assim como maior volume de entregas de empreendimentos. Está fortemente posicionada no segmento econômico, através da controlada Living, a qual responde hoje por 33% dos negócios do Cyrela, com a expectativa de atingir 50% em 2012. - EZTec ON (EZTC3): R$ 11,50
Destaque entre as small caps do setor, com lançamentos direcionados tanto na classe média/média alta como também no segmento comercial. A empresa possui lançamentos já programados em 2010 em ambos segmentos de negócios, os quais deverão impulsionar fortemente os resultados da empresa. Além disso, a empresa mantém uma posição de caixa líquido positivo que dá conforto para execução desses empreendimentos.
Alimentos
O complexo de carnes deverá reagir de maneira distinta, dependendo do tipo de carne. A oriunda de bovinos deverá se recuperar internamente com mais rapidez do que a carne de aves, já que os principais entraves, como doenças, já foram quase que totalmente superados (a certificação de fazendas criadoras de gado está em ritmo bastante acelerado) o que permite aumentar as exportações.
As exportações deverão ter como empecilho o fator câmbio que inibe uma atuação mais agressiva por parte das principais empresas exportadoras, que deverão aproveitar o aumento da massa salarial para direcionar qualquer excedente ao mercado interno. Já a carne oriunda de aves deverá sofrer um pouco mais, com um cenário de recuperação de preços mais plausível para o início do 2º semestre de 2010 (2S10). As exportações também são penalizadas pelo fator câmbio e por uma demanda internacional enfraquecida por razões macroeconômicas.
Apesar do setor de carne branca ainda não ter recuperado sua lucratividade histórica, acreditamos que a partir do 2S10, a BR Foods (BRFS3) deverá conseguir recompor suas margens de lucratividade, bem como a união com a Sadia poderá ser melhor rentabilizada, com ganhos de sinergia que ainda não foram possíveis demonstrar.
As notícias sobre o preço da arroba do boi para 2010 são de estabilidade permitindo que tanto Minerva (BEEF3), como Marfrig (MRFG3) e JBS Friboi (JBSS3) possam recompor suas margens. Marfrig e JBS passam por momentos de reestruturação e deverão demorar um pouco mais para conseguirem obter as sinergias que esperam das aquisições ou fusões realizadas em 2009. Neste caso, a Minerva nos parece ser uma opção um pouco mais interessante para o médio prazo.
Agrícola
Competitividade do agronegócio nacional proporciona dinâmica favorável em 2010. O Brasil é um dos maiores produtor / exportador de produtos agrícolas e possui um dos menores custos de produção do mundo. Em 2009 o setor passou por momentos bastante difíceis sensibilizado por um aperto do lado da oferta do crédito, retração da demanda internacional, menores investimentos em produtividade agrícola, preços de commodities agrícolas em queda e piora na condição financeira do agricultor.
Passado o pior da crise acreditamos que em 2010 a retomada da demanda será gradual. Pelo lado da oferta, esperamos aumento nas principais commodities agrícolas. E mesmo com a expansão da oferta, os preços devem apresentar alta moderada. No geral, a competitividade do agronegócio brasileiro proporcionará uma dinâmica favorável para o setor em 2010. Como fator que pode impulsionar o setor citamos a recuperação da renda em 2010 na casa dos 6% frente forte queda de mais de 10% em 2009.
A rentabilidade do produtor rural deve aumentar em 2010, impulsionada por menores custos de produção que deve mais do que compensar a alta moderada do lado dos preços. Assim sendo, a recuperação da demanda mundial aliado a uma maior oferta interna, deve propiciar uma elevação do quantum exportado para a maioria dos produtos, gerando um acréscimo de 13% no superávit na balança comercial do agronegócio, para US$ 56 bilhões (Tendências Consultoria). No geral, teremos renda e rentabilidade melhores para 2010.
Destaque para a diversificada pauta de exportações brasileira; a importante participação do setor agrícola no equilíbrio das contas externas; as fontes de financiamento governamentais a custo e prazos adequados; perspectiva de melhora de volumes e de preços em 2010 que trarão importante superávit da balança comercial do agronegócio. Atentar para a dinâmica do câmbio e a perspectiva de um real ainda valorizado; a forte dependência do clima e de oferta de crédito a custo competitivo; e a alavancagem do produtor rural.
No setor destacamos a SLC Agrícola (SLCE3) um dos maiores produtores brasileiros de algodão, soja e milho, e que deve apresentar um melhor exercício em 2010 com aumento de produção e recuperação de margens pela redução de custos, retomada do ritmo de expansão de áreas, e manutenção da eficiência operacional. Dentre sua estratégia de expansão está a aquisição e o arrendo de novas fazendas, a expansão da produção via arrendamento e a ampliação do cultivo da segunda safra de algodão e milho no mesmo ano-safra.
Aviação Comercial
Acreditamos que 2010 será marcado pela retomada do crescimento na demanda de dois dígitos (entre 10% e 12%) ante 2009. Destacamos principais direcionadores deste crescimento que esperamos: (i) o crescimento do PIB previsto para o ano; (ii) a expansão da renda da população brasileira, em especial da classe média, (iii) investimentos em geradores de taxa de ocupação por parte das empresas aéreas (parcelamento em 36x e 48x; expansão dos programa de milhagem através dos cartões de crédito e bônus em milhas.
A estabilidade dos preços de petróleo deve permanecer durante o ano, o que nos guia para uma expectativa para este ano de custos menos pressionados. Já o câmbio deverá trazer algumas surpresas ao longo do caminho por conta de 2010 ser um ano de eleição presidencial, contudo, as atuais premissas e condição macroeconômica brasileira aponta para um caminho de ligeira apreciação por conta da forte entrada de capitais no Brasil.
A infra-estrutura deverá ser amplamente analisada em relação a preparação para os eventos futuros (Copa do Mundo e Jogos Olímpicos), visto que o setor apresenta gargalos na infra-estrutura dos principais aeroportos, o que acaba inibindo novos investimentos. A concessão de aeroportos e terminais à iniciativa privada e a tramitação do projeto de lei para capitalização de companhias aéreas com capital estrangeiro serão importantes investimentos que o Brasil poderá realizar para fazer frente ao forte crescimento do turismo previsto para os próximos anos. Com ênfase no crescimento doméstico, acreditamos que a GOL (GOLL4) e TAM (TAMM4) deverão capturar o crescimento previsto, mesmo com os atuais gargalos do setor.
Já o sub-setor de material de transporte aeronáutico que aborda também o segmento executivo e de defesa, captou plenamente os efeitos da crise econômico-financeira mundial em 2009 e não deverá apresentar sinais de forte recuperação em 2010. Por conta do longo ciclo de produção, os efeitos na redução de demanda são mais prolongados na comparação com outros setores, acreditamos que a demanda por novas aeronaves comerciais continue bastante baixa em relação aos níveis pré-crise mundial e dramática para o segmento de jatos executivos. O mercado internacional continuará bastante deprimido por conta das perdas estimadas para o consolidado mundial das companhias aéreas em 2010. Acreditamos que a Embraer (EMBR3) não seja neste momento uma boa opção de investimento a luz deste cenário mundial.
Concessão de Rodovias
A recuperação da atividade econômica brasileira em 2009 mostrou o quanto defensivo o setor pode ser em momentos turbulentos. A fraca base do fluxo de veículos pesados deverá justificar as maiores taxas de crescimento em relação aos veículos leves, que seguem na esteira do crescimento da renda da população brasileira e as melhores condições de financiamento de veículos passeio nos últimos anos. Por conta da previsão de indicadores de inflação (IPCA e IGP-M) em níveis controlados para 2010, esperamos um menor crescimento orgânico das receitas de arrecadação de pedágio através de menores reajustes tarifários ante 2009, mas compensados por um menor crescimento nos custos.
O ano de 2010 também deverá ser marcado pela continuidade de novas oportunidades de investimentos em múltiplos projetos, mais atrativos devido ao menor nível da taxa de juros básica da economia brasileira. Esperamos novas rodadas de leilões e licitações de projetos com significativos investimentos, dentre eles destacamos por ordem de importância para o setor: (i) Trem de Alta Velocidade - TAV; (ii) Expresso Aeroporto de São Paulo - Cumbica / Congonhas; (iii) trecho sul e leste do Rodoanel; (iv) projetos metrôs / trens nas cidades de Curitiba, Brasília e Porto Alegre; (v) concessões a serem licitadas no Estado de Minas Gerais; (vi) negócios correlatos como aquisições no mercado secundário, estacionamentos, inspeção veicular e logística. Com estes direcionadores e oportunidades, esperamos uma perfomance atrativa de valorização para as ações da CCR Rodovias (CCRO3), OHL Brasil (OHLB3) e Triunfo Participações (TPIS3).
Consumo
A indústria de bebidas continuará a sua trajetória ascendente de consumo, principalmente o setor de cerveja favorecido pelo fator clima. Outros segmentos que se destacam são o de água mineral, mercado que nos últimos anos tem crescido, e de bebidas energéticas. A indústria de água de coco está se transformando, com a entrada de empresas de porte mundial, que vêem neste mercado uma oportunidade de crescimento em virtude de ser considerada uma bebida saudável. O segmento de refrigerantes poderá encolher proporcionalmente ao crescimento de bebidas energéticas, água mineral e água de coco, porém, sem deixar de crescer, pois seu consumo tanto por adultos que preferem evitar bebida alcoólica, mesmo em situações sociais, como por não adultos, não deverá arrefecer. A Ambev (AMBV4) neste contexto continua sendo uma boa oportunidde de investimento, reforçada ainda pelo efeito Copa do Mundo, que historicamente é um catalisador do setor.
Em relação ao mercado de tabaco, os crescimentos observados em anos anteriores não deverão voltar a se repetir. Muitos governos estão editando leis que proíbem ou mesmo inibem o hábito de fumar. Estas medidas têm desmotivado muitos apreciadores de tabaco a continuarem a usufruir deste prazer, tornando-os ex-fumantes. Estas medidas forçam o mercado a se restringir mas, apesar de tudo, Souza Cruz (CRUZ3) ainda continuará sendo uma ótima distribuidora de dividendos.
O setor de cosméticos deverá se beneficiar bastante com o aumento da renda das classes C, D e E e tem se mostrado resiliente em termos de consumo mesmo em épocas de desaceleração econômica. Isto, porém, não necessariamente é válido a todas as empresas deste setor, mas aquelas com maior suporte administrativo têm conseguido mostrar bons resultados.
O crescimento do consumo de linha mais popular também beneficiará os produtos mais caros e com melhor qualidade, muitas vezes alvo da cobiça feminina e que não são consumidos por não se encaixarem no orçamento doméstico. A Natura (NATU3) tem conseguido mostrar desempenho acima da média em um mercado altamente competitivo e que muitas vezes sofre com a informalidade.
Construção Civil
O setor imobiliário experimentou, em pouco mais de um ano, três situações distintas de comportamento de mercado. Primeiro, desde o ano de 2007 até meados de 2008, o que se via era uma euforia exagerada, baseada na expectativa que todas as premissas otimistas pudessem se realizar até com certa facilidade. Em seguida, com resultado do agravamento da crise internacional no 2S09, com reflexos inevitáveis no Brasil, o setor sofreu uma freada drástica no ritmo de lançamentos e de vendas nos seus principais segmentos de atuação. O crédito ficou mais caro e limitado junto aos bancos e as empresas passaram a rever projetos de lançamentos de forma mais criteriosa, principalmente quanto à expectativa de demanda. Com isso a desaceleração no ritmo de lançamentos foi muito evidente no 1S09.
Em terceiro plano, teve inicio, a partir do 2º trimestre de 2009 (2T09) uma retomada das vendas, e em ritmo mais lento a de lançamentos, momento em que as empresas procuraram realizar estoques. O 4T09 deverá ser o mais forte do ano, sinalizando que este ritmo poderá ser mantido em 2010. Os dados de novembro já mostraram forte crescimento nas liberações de recursos, registrando um recorde de R$ 3,6 bilhões e sinalizando que poderá atingir R$ 32 bilhões no ano, podendo atingir até R$ 50 bilhões em 2010, somente com recursos da poupança. Existe ainda a parcela relacionada aos recursos do FGTS que segundo a ABECIP, poderão atingir R$ 23 bilhões em 2010. Se confirmarem os números para 2010, a relação crédito imobiliário sobre o PIB deverá ficar na faixa de 4%.
Esta estimativa está fundamentada numa retomada forte nos lançamentos residenciais, que terão como alvo o Programa do governo, “Minha Casa Minha Vida”, que vem atraindo grande parte das incorporadoras, com promessa de volumes extraordinários de unidades a lançar. O Programa tem por trás, o incentivo via subsídios importantes para a classe de baixa renda e também benefícios fiscais às incorporadoras. Contudo, não se deve imaginar que o “Minha Casa Minha Vida” irá sustentar os negócios e rentabilidade do setor no longo prazo. Embora o plano de redução do déficit habitacional brasileiro seja uma meta a ser perseguida pelo governo federal, ainda existem entraves que necessitam ser resolvidos para acelerar a eficiência da cadeia de processos até efetiva execução de um volume maciço de obras prometidas. Diante deste cenário positivo, acreditamos que as empresas listadas em bolsa, deverão continuar apresentando desempenho positivo, considerando que atualmente já não existe corrida para aquisição de terrenos, o que consome bastante capital e também existe expectativa de maior volume de entregas de imóveis em 2010, o que deverá contribuir para recompor o caixa das empresas. Contudo, procuramos sempre destacar a característica do setor de grande consumidor de caixa, o que mantém o setor sempre exposto a eventuais mudanças de cenário macroeconômico.
Acreditamos que dentre as empresas listadas em bolsa, as maiores e mais líquidas - Cyrela (CYRE3), Gafisa (GFSA3), Rossi (RSID3) e PDG Realty (PDGR3) - deverão se beneficiar mais do atual cenário, considerando que já têm constituido extensos bancos de terrenos e atuam em segmentos diversos de classe de renda. A MRV (MVRE3) com foco na baixa renda, também deverá capturar fortemente os benefícios do programa de incentivos à casa própria para baixa renda. Destaque entre as small caps do setor, a EZ Tec (EZTC3) tem lançamentos direcionados tanto na classe média / média alta como também no segmento comercial e mantém uma posição de caixa líquido positivo que dá conforto para execução dos empreendimentos.
Material de Construção
O setor de materiais de construção tem previsão de encerrar 2009 com queda de 8% a 10% na produção de insumos. Esta estimativa é decorrente de restrição do crédito ao consumidor e dos estoques acumulados nas lojas, o que em grande parte é explicado pela desaceleração ocorrida na construção civil como um todo, notadamente no 1S09. Cabe destacar que o setor possui uma grande diversidade de itens produzidos e, portanto, pode eventualmente registrar comportamento distinto entre seus sub-setores. Para 2010 a estimativa é de um crescimento de 15% no faturamento do setor, reflexo não só da menor base de referência - queda em 2009 - mas também pela motivação decorrente da prorrogação do IPI reduzido para materiais de construção a vigorar até junho de 2010.
Para os próximos anos, a expectativa é de forte crescimento na atividade do setor. Tal estimativa baseia-se não somente no curso normal da expansão prevista para o setor da construção civil, impulsionada pelos incentivos do governo para a aceleração do atendimento à demanda por imóveis, pela baixa renda, mas também dos eventos Copa do Mundo em 2014 e Jogos Olímpicos em 2016. Dentre os vários sub-setores, acreditamos que as indústrias de cimento e de aços longos, por exemplo, devem ser mais beneficiadas ao longo dos próximos anos, considerando que além dos segmentos residencial e comercial, haverá grande consumo por parte dos setores de infraestrutura.
As duas empresas listadas em bolsa que atuam no segmento de materiais de construção são Duratex (DTEX3) e Eternit (ETER3). Embora os produtos de ambas as empresas atendam somente parte do universo do setor de materiais de construção, acreditamos que estas empresas continuarão refletindo os benefícios da demanda crescente do setor. A Duratex, com forte atuação no segmento de madeiras e de louças sanitárias, atendendo as diversas classes de consumidores. A Eternit, por sua vez, atende o segmento de caixas d´água, telhas de fibrocimento, louças sanitárias, etc.
Energia Elétrica
O consumo de energia elétrica deverá crescer 9,4% em 2010 sobre 2009, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética - EPE, acompanhando a evolução de 6% da economia nacional. Para o período entre 2010 e 2018, o consumo total de eletricidade deve crescer a uma taxa anual de 5,2%, chegando a 681,7 mil GWh em 2018, e acarretando uma elasticidade-renda (razão entre o aumento do consumo de eletricidade e o crescimento da atividade econômica) de 1,04 para o período.
A EPE destaca que influenciam os resultados as ações de eficiência energética e a autoprodução de energia, que se caracteriza pela geração própria de eletricidade a partir de instalações localizadas junto às unidades de consumo. Para se ter uma ideia, o crescimento da autoprodução já alcança 8,4% ao ano, devendo chegar a 74,4 mil GWh em 2018. Já as ações de eficiência energética deverão acarretar a economia no período de 3% do consumo de eletricidade, o que corresponde a 21 mil GWh, ou 2,4 mil MW médios em 2018.
Este número significa evitar a instalação de uma hidrelétrica de 4.500 MW (1,5 vez a capacidade da usina de Jirau, no Rio Madeira). Por sua vez, em termos de emissões, seria como evitar que uma termelétrica a carvão emitisse anualmente 27 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), volume que supera a emissão total do sistema elétrico brasileiro em 2008, que foi de cerca de 22 milhões de toneladas de CO2.
As projeções da EPE tomam por base a recuperação das indústrias no pós-crise, as políticas de expansão de infraestrutura do governo em andamento e o progresso da renda do trabalhador. Tais fatores puxam para cima o consumo residencial, e, principalmente, o comercial.
Acreditamos que dentre as empresas do setor negociadas na Bovespa – na sua maioria de perfil defensivo e grandes geradoras de caixa – as que podem ter um desempenho melhor em termos de valorização serão aquelas que guardem alguma expectativa fora das questões normais do setor. Ou seja, algum fato ligado particularmente à empresa como Eletrobras (ELET3) e os dividendos acumulados das ações ordinárias; relevantes ganhos de perda de energia na Light (LIGT3); aquisições da Equatorial (EQTL3) na região nordeste e confirmação da troca de governo no Paraná e reflexo positivo na Copel (CPLE6).
Fertilizantes
Cenário é de gradativa melhora de preços e volumes para 2010. Segundo a ANDA - Associação Nacional para Difusão de Adubos, as vendas do setor devem atingir 22,2 milhões de toneladas em 2009, 1% abaixo das 22,43 milhões de toneladas de 2008. O faturamento, contudo, deve somar R$ 19,2 bilhões, com queda de 23,8%. Em dólares, a retração deverá ser de 31,1%, para US$ 9,78 bilhões.
Para 2010, a recuperação do segmento poderá ser via desvalorização do dólar. Porém, dado que o comportamento do câmbio é de difícil mensuração uma forma é olhar para as commodities agrícolas, notadamente soja, milho e cana-de-açúcar, que respondem por 67% da demanda por fertilizantes no Brasil. A perspectiva para estas culturas é positiva. Soja e cana-de-açúcar permanecem em alta e o milho pode se recuperar com uma menor oferta dos EUA. Do lado dos produtores, porém, um real valorizado é um fator de risco e pode ensejar uma redução dos gastos com insumos.
A recuperação de volumes e de preços deve ser gradativa em 2010. Em termos de volumes espera-se um retorno da sazonalidade histórica, com o 1S10 respondendo por cerca de 1/3 das vendas. Da mesma forma, em função de maior estabilidade do mercado, com os estoques ajustados a demanda, aliado a uma conjuntura mais favorável, além de ser um ano de eleições onde geralmente a oferta de crédito para a agricultura acontece, o crescimento de vendas devem ser da ordem de 4%. Atentar para a dinâmica setorial.
O desempenho das vendas tem forte correlação com a política agrícola do governo e com a condição financeira do produtor rural, que por sua vez depende do volume colhido, dos preços vigentes na época da comercialização e da relação de troca grãos / fertilizantes, ou seja, a quantidade de produto necessária para adquirir uma tonelada de adubo.
Outro ponto importante e que deverá ser conhecido ainda no 1S10, é o Marco regulatório do setor de Fertilizantes. De acordo com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a proposta para o segmento dos nitrogenados já está definida, mas há questões em aberto nos casos do potássio e