O volume atípico de trabalho para esta época do ano obrigou o executivo Paulo Sergio Dortas a criar uma rotina incomum para quem está de férias. Durante as manhãs e em boa parte das tardes, passeios de barco pelo belo litoral baiano. Ao cair da noite, horas sentado em frente do computador. Dortas é sócio da consultoria Ernst & Young na área de abertura de capital de empresas, operação conhecida pela sigla em inglês IPO.
O desempenho pode ser explicado pelas virtudes do Brasil e pela paradeira lá fora, fruto, claro, da crise econômica global. No total, o País teve seis operações, que levantaram US$ 13,2 bilhões. São números bem mais modestos que os de 2007, quando os IPOs bateram todos os recordes aqui, com 68 operações e volume financeiro de US$ 37,4 bilhões.
Sem projeção
Para este ano, nenhum executivo se arrisca a fazer projeções. Mas é certo que a quantidade de operações superará de longe a meia dúzia do ano passado. Em termos de volume financeiro, é difícil estimar, porque 2009 teve duas transações de um porte pouco usual: além de Santander, a da Visanet, que obteve US$ 4,3 bilhões.
Até agora, cinco empresas deram entrada com a documentação necessária para um IPO na Comissão de Valores Mobiliários (CVM): BR Properties, que atua no setor imobiliário, Multiplus, subsidiária da TAM no segmento de fidelização de clientes, Aliansce Shopping Centers, Renova Energia, que atua no segmento de energia renovável, e a International Meal Company (IMC), dona de marcas como Viena, Frango Assado e Brunella. "Mas vem mais por aí", avisa Dortas.
Quem vai debutar no mercado em 2010 será a Aliansce, que apresentou há dez dias os detalhes da operação. O período de reserva para investidores termina na próxima quarta-feira. Estima-se que o negócio possa movimentar pouco mais de R$ 1 bilhão. A Multiplus também está com o processo em fase adiantada, e pretende iniciar a negociação de seus papéis na Bovespa no dia 5 de fevereiro.
Fonte: Exame