sexta-feira, 2 de março de 2007

Bolsa em Queda: O Que Fazer?

Essa semana as bolsas de valores do planeta inteiro experimentaram turbulências como não se via desde setembro de 2001. Num processo iniciado pela China no dia 27 de fevereiro, quando a bolsa de Xangai despencou 8,9% devido à preocupação das medidas que seriam adotadas pelo governo chinês para controlar o excesso de liquidez do país, a queda foi generalizada e repercutiu em todos os mercados, em menor ou maior grau.

O Brasil, que já havia experimentado um forte ajuste em janeiro desse ano, na faixa de 10%, viu o iBovespa cair dos 46 mil pontos do início da semana para 42.369 nessa sexta-feira. Isso fez com que a semana fechasse com uma desvalorização de 7,92%. Além disso, é quase consenso entre os analistas que novas quedas possam ocorrer durante esse mês de março.

Entretanto, apesar da quase histeria entre os investidores, o mercado parece ainda possuir bom senso para avaliar alguns papéis. Motivado pela oferta de compra por um grupo egípcio, as ações da Brasil Telecom e da Telemar valorizaram 4,5% e 3,92% respectivamente.

Já a Natura, que apresentou um resultado menor do que o esperado e sofre com a concorrência da Avon, experimentou uma queda de 13%, bem acima dos demais.

A Petrobrás e a Vale, responsáveis por 28,7% do Índice Bovespa, apresentaram quedas de 7,15% e 6,65% respectivamente. A Vale, cujas receitas serão mais afetadas pela crise chinesa, já vem apresentando uma considerável desvalorização desde o início desse ano. O mesmo tem ocorrido com a Petrobrás, influenciada pela queda do preço do petróleo no mercado internacional e, em menor grau, com a crise da Bolívia. Na próxima segunda-feira veremos se o anúncio, ocorrido hoje, da descoberta de um poço em Caxaréu (ES) com capacidade de extração de 570 milhões de barris, vai ajudar a refrear a queda dos papéis da petrolífera.

POP

Nesse cenário ruim, o POP (Proteção do Investimento comParticipação), produto lançado pela Bovespa em fevereiro, que reduz as perdas do investidor em troca de parte dos ganhos, acabou saindo da condição de patinho feio para a de opção realmente interessante, já que minimizou consideravelmente os prejuízos dos que que aplicaram no produto.

O POP teve baixa aceitação desde o seu lançamento, em razão do custo de sua proteção. Em um mercado com boas perspectivas de alta, reduzir os ganhos para receber uma proteção extra não é muito atrativo. Por isso, foi comprado basicamente por investidores mais conservadores, usualmente avessos ao risco.

Com essa queda alta, provavelmente deve passar a receber mais consideração até dos mais agressivos a partir de agora.

Perspectivas para Março

Não parece haver um consenso entre os analistas, que estão sugerindo a manutenção da carteira atual em grande parte dos casos, para que os clientes não tenham que realizar os prejuízos nesse momento. Enquanto que a maioria aposta na recuperação das perdas ainda esse ano, alguns poucos acreditam que esta só deva ocorrer em 2008.

De qualquer modo, tudo vai depender de como o mercado internacional vai reagir nos próximos dias. Até lá, exceto se você tiver uma bola de cristal, o melhor é esperar para ver qual será a tendência dos papéis para esse ano.

O Que Fazer?

Apesar de mercados turbulentos poderem gerar bons ganhos, para a grande maioria, o melhor é esperar passar esse momento. Sobre aproveitar para comprar os papéis que estão em baixa, é importante estar atento para a possibilidade de ocorrerem novas quedas durante esse mês.

Dessa forma, os papéis devem ter seus fundamentos analisados profundamente, caso a caso. Além disso, uma alternativa é comprar esses papéis aos poucos, reduzindo o impacto de oscilações. O Dresdner Kleinwort Bank, um dos mais importantes bancos de investimentos da Europa, sugeriu aos seus clientes brasileiros que reduzam em 10% o capital aplicado em ações e comprem títulos públicos.

E, aos que já estão com seu dinheiro aplicado, o momento é de cautela e sangue frio: aguarde a passagem desse momento de instabilidade e espere a recuperação que virá.