Desde 27/02, quando a bolsa de valores chinesa despencou e levou praticamente todas as bolsas com ela, duas perguntas estavam na "ponta da língua" tanto de analistas quanto de investidores: onde ficará o "fundo do poço" e quando voltará a subir?
Com essas quedas, surgem uma série de oportunidades de compra de papéis que acabam caindo mais do que deveriam, devido à histeria que normalmente toma conta do mercado nessas ocasiões. Com a queda de quase 10% na primeira semana, muitos aproveitaram para adquirir muitas ações que estavam com um bom preço.
Entretanto, como vários boletins publicados falavam que havia uma boa chance de ocorrer uma nova queda, dessa vez mais acentuada, muitos passaram a se perguntar: compro agora ou espero mais um pouco?
A estratégia que usei foi a de usar metade do saldo em caixa para comprar ações nessa segunda queda (que ocorreu na primeira semana de março, pois na primeira, do final de fevereiro, preferi somente observar e ver até onde o mercado iria) e guardei os restante para o caso de ocorrer a apregoada por muitos.
Mas parece que o pior já passou e agora a Bovespa deve retomar a tendência de alta, inclusive no curto prazo. Segundo artigo do InfoMoney, a economia da China aparentemente deverá continuar crescendo (segundo a Merrill Lynch, 9,6% em 2007) e o emprego nos Estados Unidos não irá sofrer quedas abruptas.
Além disso, os mercados latino-americanos mostraram que possuem robustez para enfrentar uma crise e as perdas dessas últimas semanas já estão sendo recuperadas (veja aqui).
Com isso, podemos esperar um céu de brigadeiro para os próximos meses? Mesmo levando em conta as "tradicionais" oscilações do mercado de capitais, não há consenso entre os analistas. A maioria ainda acredita que chegaremos ao final de 2007 com ganhos entre 20% e 30% (obviamente, dependendo dos papéis da sua carteira). Mas alguns prevêem que ganhos nessa faixa ocorrerão somente para casos muito específicos e o iBovespa deverá ficar muito abaixo disso.
Aparentemente o período de ganhos fáceis chegou ao fim: nos últimos cinco anos, bastou aplicar em blue chips para ter rendimentos estratosféricos. Ou seja, os papéis teoricamente mais seguros foram também os que renderam mais...
Nesse novo cenário, a bolsa brasileira estaria mais parecida com a dos países desenvolvidos: para ganhar dinheiro, seria necessário prospectar papéis com bom potencial de valorização e/ou que estivessem com preço muito baixo e depois tentar determinar o melhor momento para vendê-los (veja o artigo sobre Análise Técnica x Fundamentalista).
Pessoalmente, acredito que ainda assim a bolsa de valores será em 2007 uma opção muito melhor do que a renda fixa. E nesse céu há apenas uma nuvem negra que pode realmente fazer desabar as bolsas de todo o planeta: a bolha imobiliária americana.
Desastre anunciado desde 2005, essa bolha ainda não estourou. Porém ninguém sabe até onde vai sua elasticidade. E quando estourar, provavelmente vai produzir um estrago igual ou pior ao causado pela bolha da internet em 2001.
O que fazer? Depende da sua propensão ao risco. Se quiser uma maior proteção, avalie a possibilidade de diversificar usando o Tesouro Direto, por exemplo.
Mas, acima de tudo, procure manter-se atualizado, assinando boletins sobre o assunto e acompanhando sites e revistas especializados.