quarta-feira, 31 de março de 2010

Redes Sociais nas Empresas: Proibir, Permitir ou Incentivar

Um líder olha para o lado e vê o funcionário conversando pelo MSN com outro colega e logo pensa: “Preciso bloquear isso na empresa!”. De fato, se olharmos apenas por um lado, o MSN pode até tirar um pouco a produtividade dos profissionais, paralisando a atividade para a troca de piadinhas sobre o chefe, o envio de dicas de jogos e até para receber links daquela mulher fantástica...

Mas é possível resolver isso estabelecendo uma política de rastreio das mensagens indesejáveis que circulam internamente por ele. Só de mencionar essa ideia, os funcionários, com certeza, terão mais cuidado com o que digitam.

Visto por outro lado, o MSN também traz alguns benefícios: agilidade nas comunicações internas e externas, dicas para aquela ferramenta freeware útil para o trabalho interno da empresa, dicas de links para novas ideias, etc. Todos os líderes já pensaram, em algum momento, em coibir a comunicação dos seus funcionários pela Internet. Mas é melhor estudar mais o assunto antes de cometer esse crime.

O mundo mudou radicalmente e estamos diante de uma nova forma de gerir as empresas e as pessoas. Os jovens que se formam hoje já vêm para o mercado com DNA digital. Quase todos têm uma visão de mundo dentro da Internet e sabem como buscar informações ou se apoiar em estratégias rápidas para solucionar problemas usando a Web como ferramenta.

Essa nova geração adere radicalmente a ondas, modas ou ideias malucas com uma facilidade incrível. É como se eles precisassem que uma nova revolução nascesse todos os dias. Cabe aos líderes abrir espaço para algumas dessas “revoluções de um dia só”, mas procurando ter pulso para que eles assumam a devida responsabilidade pelas consequências.

Antes que as empresas pensem em bloquear o uso do Twitter, é bem provável que ele já seja uma ferramenta comum na empresa. Por isso, a sua empresa já pode estar refém dessa situação. Está na hora de você correr para não ficar para trás.

Desde o início do ano passado as redes sociais caíram nas graças dos brasileiros. O Brasil já se tornou um campo de testes ideal para novas ferramentas e tecnologias de redes sociais. Depois do crescimento do Orkut, veio o Facebook crescendo em larga escala e, logo depois, o Twitter em um ritmo bem mais acelerado.

A história do índice de crescimento no uso do MSN, do Orkut e até do Facebook não chega perto do que está acontecendo. Até junho do ano passado apenas 15% do mercado estava conectado no Twitter, que já havia crescido 70% nos meses anteriores. Para se ter uma noção, até junho de 2009 apenas 2% dos usuários do serviço vinha do Brasil. Agora respondemos por 8,8% ou o segundo maior mercado de uso da ferramenta no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (segundo estudo da Sysomos, divulgado pela revista IDGNow).

Isso significa que ultrapassamos mais de 9 milhões de usuários do serviço no Brasil, um crescimento espetacular chegando quase a 25% dos internautas brasileiros. É natural, portanto, esperar que o índice de uso cresça quase na totalidade do mercado de usuários da Internet no Brasil e no mundo. E, por isso mesmo, as empresas precisam olhar para as redes sociais como a ferramenta Web de 2010. As redes sociais na Internet representam mais uma oportunidade de negócios para um empreendedor ou uma empresa. E são justamente o uso dessas novidades que podem fazer uma empresa ser mais atraente que outra. Mas o que fazer, então?

Primeiro jamais pense em bloquear ou limitar o uso do Twitter na empresa. Se você fizer isso, praticamente estará bloqueando o acesso à Internet. Imagine os prejuízos que isso pode causar! Você estará fechando os olhos e o futuro da sua empresa. Os seus profissionais precisam de informação para continuar evoluindo ou simplesmente ajudar o seu negócio a permanecer no mercado. O Twitter é uma ferramenta muito poderosa, em todos os sentidos. É preciso montar uma estratégia que abranja a divulgação de informações internas, externas e o marketing virtual.

No caso das informações internas, você pode estabelecer um perfil geral por departamento e analisar se isso precisa ser privativo ou não. No caso de novas propostas ou informações externas, você pode ou criar novos perfis para cada uma ou estabelecer um perfil por produto. Tudo vai depender do objetivo. O fato é que você deve pensar o que pode sair ou não sobre a empresa na Internet de origem interna. As lideranças devem conversar com as suas equipes internas e estabelecer uma política.

Cuidado ao postar mensagens! É preciso lembrar que as redes sociais divulgam notícias muito mais rapidamente do que qualquer spam ou marketing pela TV. As pessoas, em geral, talvez não fiquem oito horas por dia ligadas na TV, mas estarão muito mais conectadas daqui para frente na Internet do que antes. E isso significa que uma mensagem mal colocada pode chegar a milhões de usuários em questão de minutos. Por isso, a equipe interna deve pensar bastante e avaliar se é importante manter algum acompanhamento interno para aquele perfil estratégico. Tudo deve ser analisado caso a caso.

No caso do marketing virtual, por meio das redes sociais, ofereça um benefício para o seu cliente ter interesse em acompanhá-lo pela Internet, seja pelo Facebook ou pelo Twitter. Cada ramo de negócio vai exigir uma estratégia diferente, desde fornecer informações e dicas importantes até descontos em produtos aos seguidores. A qualidade das mensagens vai definir se o seu cliente vai ou não segui-lo. Estabeleça uma frequência de divulgação das informações de forma que o seu cliente se acostume com elas, mas assuma isso como definitivo, pois ele vai te cobrar se notar que as informações não estão mais chegando.

Não é fácil para as empresas e para os seus líderes acompanharem as novidades com a velocidade que elas ocorrem hoje. Com certeza, proibir o acesso às redes sociais não será a solução e sim a sua pior alternativa. Censurar a busca por novos caminhos vai limitar a sua busca pelo crescimento e pelas inovações.

* Márdel Vinicius de Faria Cardoso é especialista em Master Information Tecnology e autor dos livros “Desenvolvimento Web para o Ensino Superior” e “A Um Passo de Mim”.

Fonte: Baguete Diário

Posted via email from Ramon E. Ritter