Pesquisa do Santander mostra que contratações no setor público aumentaram 300% entre 2008 e 2009; especialista diz que estrutura gigante derruba competitividade do país
O inchaço do setor público, refletido no excesso de contratações nos últimos dois anos, vai custar caro para Brasil. Na opinião do especialista Tharcisio Souza Santos, diretor da faculdade de administração da FAAP, o peso excessivo dos gastos da máquina estatal com funcionários resultará na perda de competitividade da economia do país.
Uma pesquisa divulgada pelo banco Santander, com base nos números da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), mostra que entre 2008 e 2009 a quantidade de contratações no setor público aumentou 300%, passando de 112 mil para 454 mil trabalhadores
"É um crescimento brutal. Talvez tenha ocorrido alguma mudança de critério de inclusão no circuito da Rais. Mas mesmo assim, é notório que o governo tem sido um empregador. O controle das despesas correntes de custeio não é o forte da atual administração. Estas despesas cresceram muito, acima do PIB, de 2002 até agora", afirma Santos.
Para o diretor da FAAP, enxugamento é a palavra de ordem. Entretanto, ele afirma que esta não seria uma ação viável. Primeiro por causa do período de eleições, que dificulta qualquer tipo de ajuste desta natureza. Além disso, considerando o tamanho atual da máquina pública, que adotou um modelo "estatizante" nos últimos anos, seria difícil voltar atrás e reduzir o quadro.
Competitividade
Santos explica que o país começa a pagar as contas à medida que a necessidade de arrecadação da União aumenta, para sustentar o peso da estrutura pública inflada. Com uma carga tributária elevada, as empresas perdem competitividade internacional por concorrerem com companhias que operam em países com menores níveis de impostos.
"Este gargalo tributário aliado à logística ruim que temos hoje no Brasil encarece nossos produtos frente aos de outras nações. Ao somarmos isso aos péssimos gastos na educação e preparo da força de trabalho, vemos que o excesso das contratações pode ter gerado um conforto momentâneo durante a crise, por causa do aumento no consumo interno. Entretanto mais adiante, vai nos custar muito caro", diz.
Fonte: Exame.
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