segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Algumas previsões para o desenvolvimento de software em 2011

É natural que muitos programadores estejam preocupados sobre  “o que fazer com a Oracle?”. Desde que o gigante concluiu a aquisição da Sun Microsystems, em Janeiro, movimentou-se agressivamente para consolidar o seu controle sobre o portfólio da Sun. Os programadores Java ficaram de baixo de fogo cruzado.

A decisão da Apache Software Foundation em sair do Java Community Process (JCP), foi uma condenação muito forte ao processo de especificação Java, sob a direção da Oracle, e lançou sérias dúvidas sobre o futuro da Java livre e aberta. Esperam-se mais deserções da JCP, em 2011, embora estes sejam gestos mais simbólicos do que qualquer outra coisa.

Agora, a questão principal para a Apache Software Foundation (ASF) é saber como proceder. A Java tornou-se muito central nos esforços da organização para ela abandonar a tecnologia. No passado, a ASF contava com o apoio de empresas como a IBM, mas a decisão da IBM de reduzir o seu desenvolvimento sobre Apache Harmony, em favor do OpenJDK, da Oracle, deixa à ASF poucos aliados capazes de ajudar a fazer frente à Oracle.

A Google deve movimentar-se para preencher esse vazio. A Google usa Java de forma ampla nos seus centros de dados, mas sua batalha legal com a Oracle sobre o uso da tecnologia Java no Android pode deixar um gosto amargo na boca. A Google deve tornar-se mais ativa no seu apoio ao desenvolvimento de código aberto da Apache, e no alojamento de recursos e documentação para dar aos programadores maior confiança na escolha de uma aplicação Java que não esteja sob o calcanhar da Oracle.

A longo prazo, no entanto, a Google não pode se dar ao luxo de colocar todos os seus ovos na cesta da Java. Haveremos de ouvir falar outra vez da Go, a linguagem Java que a Google lançou em 2009, e que tenta tornar mais fácil aos programadores o desenvolvimento de aplicações de processamento paralelo. Embora a Go seja muito imatura para ser um verdadeiro concorrente para a Java, deve-se esperar uma versão beta no final de 2011 capaz de estimular a dinâmica por trás da linguagem.

Abalo nas plataformas móveis

Ironicamente, uma tecnologia que não será muito afetada pela disputa entre a Google e Oracle será a Android. A iniciativa da Google é muito  importante para o gigante das buscas para ela desistir sem lutar – não falando já nos investimentos realizados pelas operadoras de telefonia móvel e fabricantes de aparelhos como a HTC, Motorola e Samsung. Por enquanto, os bolsos profundos da Google devem ser suficientes para isolar o ecossistema Android de qualquer efeito colateral.

O posicionamento na pesquisa em mobilidade da RIM é mais precário. Embora, ao contrário da Google, a RIM dê licenças Java para os seus BlackBerry, ela não pode se dar ao luxo ser abandonada pela Oracle, enquanto o Android e a Apple corroem a sua quota de mercado. A RIM deve finalmente perder o domínio em 2011 e anunciar planos para alargar a próxima geração do sistema operativo QNX, que adquiriu para o seu tablet PlayBook, para todos os seus aparelhos no futuro, deixando para trás as raízes da plataforma BlackBerry Java ME.

Uma plataforma móvel que deve obter muitas atenções em 2011 é a Palm WebOS. O motivo? Em uma palavra: a Microsoft. Como as vendas do Windows 7 Phone continuam a desapontar, Redmond deverá entrar em pânico. Prevê-se que a Microsoft lance um novo “surto” de publicidade em torno da plataforma, no final do primeiro semestre, afastando os seus parceiros fabricantes de celulares – a HP entre eles. Por isso haverá novos dispositivos da marca HP Windows Phone 7 aparelhos nas prateleiras enquanto os WebOS acumulam poeira – mais um erro no mercado móvel tanto para a Microsoft e HP.

Novas regras, novas dores de cabeça

As questões jurídicas terão um impacto muito importante, tanto quanto a tecnologia em 2011. Entre estas terá especial visibilidade o tema da neutralidade da rede, tanto para redes fixas como sem fio. Os programadores de aplicações para smartphones serão os mais afetados, tal como as operadoras de comunicações móveis que devem continuar a rever os seus planos de dados, restringindo largura de banda e aumentando as taxas sobre o uso de mais dados do que o pacote pré-estabelecido, pelo menos em países como  Estados Unidos e Brasil.

A questão que os programadores enfrentam hoje – depois de terem presenciado o surgimento da Web 2.0 e AJAX, depois o SaaS e o cloud computing – será como inovar no mercado de software, quando os prestadores de serviço de rede poderão limitar o acesso à largura de banda.

Outra área em que se espera alguma ação é na aplicação da privacidade online. O debate em torno do WikiLeaks colocou na cabeça do Congresso dos Estados Unidos e de outras nações no mundo que é uma má idéia para deixar a informação fluir livremente na Internet. Isso, combinado com ocorrências periódicas de fuga de dados e violação da privacidade, poderá estimular os legisladores a elaborar novas leis para regular como as informações podem ser partilhadas online. Infelizmente.  Muitos esperam que este seja um pequeno desastre, resultando em procedimentos de conformidade vagos e onerosos não só para os programadores de software, como para todos os usuários da grande rede.

Fonte: ComputerWorld/USA