Há uma febre entre os donos de iPhones e iPods no mundo. É o Instagram, uma rede social que permite compartilhar as fotos com os amigos. Ele vem ganhando mais de 100 mil novos usuários por semana. É alvo de especulações entre os investidores. Segundo o site de tecnologia americano Cnet, o grupo de investimento Sequoia, um dos mais poderosos dos Estados Unidos, estaria preparando um aporte de US$ 20 milhões. O criador do Instagram é o brasileiro Mike Krieger. Ele saiu de São Paulo em 2004 para estudar na respeitada Universidade Stanford, na Califórnia. Em entrevista a ÉPOCA, Krieger conta como aprendeu a ser um empreendedor digital nos EUA e de onde teve a ideia de montar sua empresa.
ÉPOCA –Você é brasileiro. Por que se chama Mike?
Mike Krieger – Eu me chamo Michel. Quando mudei para os Estados Unidos, percebi que a pronúncia do meu nome em inglês era muito próxima de Michelle, que é feminino. Acabei adotando o apelido Mike.
Mike Krieger – Eu me chamo Michel. Quando mudei para os Estados Unidos, percebi que a pronúncia do meu nome em inglês era muito próxima de Michelle, que é feminino. Acabei adotando o apelido Mike.
ÉPOCA –Como era sua vida no Brasil?
Krieger – Nasci em São Paulo e passei boa parte da minha vida na região de Alphaville (condomínio de classe alta) . Por causa do trabalho do meu pai, vivi em Portugal, nos Estados Unidos e na Argentina. Foram experiências importantes, pois tive uma perspectiva abrangente do mundo e acabei desenvolvendo uma capacidade de adaptação rápida a lugares novos. Em 2004, comecei os estudos na Universidade Stanford. Escolhi estudar na Califórnia porque acho que é o Estado americano onde as pessoas são mais parecidas com os brasileiros.
Krieger – Nasci em São Paulo e passei boa parte da minha vida na região de Alphaville (condomínio de classe alta) . Por causa do trabalho do meu pai, vivi em Portugal, nos Estados Unidos e na Argentina. Foram experiências importantes, pois tive uma perspectiva abrangente do mundo e acabei desenvolvendo uma capacidade de adaptação rápida a lugares novos. Em 2004, comecei os estudos na Universidade Stanford. Escolhi estudar na Califórnia porque acho que é o Estado americano onde as pessoas são mais parecidas com os brasileiros.
ÉPOCA –Como você virou um empreendedor?
Krieger – Sempre me interessei por tecnologia. Fuçava no computador, até criava aplicativos simples. A ideia de ser um empreendedor começou quando me mudei para Stanford. Muitas pessoas da minha idade estavam trabalhando para lançar “o próximo Google”. Quando estava no 3º ano da faculdade, fiz parte de um programa de empreendedorismo em que 12 alunos escolhem uma empresa novata de internet para trabalhar. Fui para o Meebo (um serviço de chats na internet) . Foi nesse programa que conheci o Kevin (Systrom) , meu sócio atual. Tive amigos no primeiro ano na faculdade que saíram para trabalhar no Facebook, que na época só tinha usuários em faculdades americanas. Agora eles lideram equipes.
Krieger – Sempre me interessei por tecnologia. Fuçava no computador, até criava aplicativos simples. A ideia de ser um empreendedor começou quando me mudei para Stanford. Muitas pessoas da minha idade estavam trabalhando para lançar “o próximo Google”. Quando estava no 3º ano da faculdade, fiz parte de um programa de empreendedorismo em que 12 alunos escolhem uma empresa novata de internet para trabalhar. Fui para o Meebo (um serviço de chats na internet) . Foi nesse programa que conheci o Kevin (Systrom) , meu sócio atual. Tive amigos no primeiro ano na faculdade que saíram para trabalhar no Facebook, que na época só tinha usuários em faculdades americanas. Agora eles lideram equipes.
ÉPOCA –E como era a vida em Stanford?
Krieger – É um lugar bem especial, por sua localização bem no meio do Vale do Silício. Vi palestras de empreendedores, designers e outros que foram muito inspiradoras. Eu me formei em symbolic systems (sistemas simbólicos) , uma especialização que só existe em Stanford. Esse curso é dividido entre ciência de computação, design, psicologia e filosofia. Para mim foi perfeito. Por mais que eu goste de programação, acho importante ter uma perspectiva além do software. Uma diferença importante em relação às faculdades brasileiras é que, em Stanford, todos os alunos moram no campus durante os quatro anos. Isso acaba criando oportunidades para que os alunos convivam intensamente com pessoas com interesses parecidos. Isso os leva a criar projetos e até empresas juntos. O exemplo mais recente é Mark Zuckerberg, criador do Facebook. Ele conheceu seus sócios no dormitório da faculdade.
Krieger – É um lugar bem especial, por sua localização bem no meio do Vale do Silício. Vi palestras de empreendedores, designers e outros que foram muito inspiradoras. Eu me formei em symbolic systems (sistemas simbólicos) , uma especialização que só existe em Stanford. Esse curso é dividido entre ciência de computação, design, psicologia e filosofia. Para mim foi perfeito. Por mais que eu goste de programação, acho importante ter uma perspectiva além do software. Uma diferença importante em relação às faculdades brasileiras é que, em Stanford, todos os alunos moram no campus durante os quatro anos. Isso acaba criando oportunidades para que os alunos convivam intensamente com pessoas com interesses parecidos. Isso os leva a criar projetos e até empresas juntos. O exemplo mais recente é Mark Zuckerberg, criador do Facebook. Ele conheceu seus sócios no dormitório da faculdade.
ÉPOCA –Quais foram os primeiros passos da empresa?
Krieger – Estava trabalhando na Meebo quando Kevin me convidou para a empresa que ele tinha acabado de fundar. Ele estava trabalhando num software chamado Burbn. Nele, os usuários podiam postar fotos e vídeos das várias experiências deles no mundo e associá-las a determinado local pelo GPS do celular. Depois de muitas discussões, decidimos reduzir o número de recursos do produto. Nunca vou esquecer o dia em que eu e Kevin sentamos numa sala de reunião, comparamos as alternativas e resolvemos focar nossos esforços em fotos. A decisão foi dificílima, pois já tínhamos trabalhado bastante nos outros recursos do Burbn, mas acredito que a decisão foi correta. Foi assim que começou o Instagram.
Krieger – Estava trabalhando na Meebo quando Kevin me convidou para a empresa que ele tinha acabado de fundar. Ele estava trabalhando num software chamado Burbn. Nele, os usuários podiam postar fotos e vídeos das várias experiências deles no mundo e associá-las a determinado local pelo GPS do celular. Depois de muitas discussões, decidimos reduzir o número de recursos do produto. Nunca vou esquecer o dia em que eu e Kevin sentamos numa sala de reunião, comparamos as alternativas e resolvemos focar nossos esforços em fotos. A decisão foi dificílima, pois já tínhamos trabalhado bastante nos outros recursos do Burbn, mas acredito que a decisão foi correta. Foi assim que começou o Instagram.
ÉPOCA –Quanto tempo o Instagram levou para começar a operar?
Krieger – Foram dois meses desde o dia em que decidimos criar o aplicativo até o dia do lançamento. Com esse tempo, extremamente limitado, não pudemos adicionar recursos supérfluos. Contamos com um grupo de usuários que testou previamente o Instagram. Isso foi importante. Quando o programa começou a funcionar, já tínhamos bastante conteúdo postado. O principal desafio foi priorizar as funções. Eu e Kevin trabalhamos sozinhos na versão inicial. Fiz a maior parte dos aplicativos para iPhone, enquanto ele trabalhava na infraestrutura por trás do programa.
Krieger – Foram dois meses desde o dia em que decidimos criar o aplicativo até o dia do lançamento. Com esse tempo, extremamente limitado, não pudemos adicionar recursos supérfluos. Contamos com um grupo de usuários que testou previamente o Instagram. Isso foi importante. Quando o programa começou a funcionar, já tínhamos bastante conteúdo postado. O principal desafio foi priorizar as funções. Eu e Kevin trabalhamos sozinhos na versão inicial. Fiz a maior parte dos aplicativos para iPhone, enquanto ele trabalhava na infraestrutura por trás do programa.
ÉPOCA –Vocês imaginavam um sucesso tão grande?
Krieger – Os primeiros usuários se empolgaram bastante com o programa, então tínhamos boas expectativas. Mas não imaginávamos que fosse um sucesso tão grande nos primeiros meses. Em dezembro, alcançamos 1 milhão de usuários e continuamos adicionando mais de 100 mil novos usuários por semana. Juntos, eles postam entre três e quatro fotos por segundo. No início, foram os blogs de tecnologia que escreveram artigos sobre o Instagram. Mas, nas últimas semanas, saíram artigos nos jornais The New York Times e San Francisco Chronicle, o que demonstra que estamos atingindo um público mais geral.
Krieger – Os primeiros usuários se empolgaram bastante com o programa, então tínhamos boas expectativas. Mas não imaginávamos que fosse um sucesso tão grande nos primeiros meses. Em dezembro, alcançamos 1 milhão de usuários e continuamos adicionando mais de 100 mil novos usuários por semana. Juntos, eles postam entre três e quatro fotos por segundo. No início, foram os blogs de tecnologia que escreveram artigos sobre o Instagram. Mas, nas últimas semanas, saíram artigos nos jornais The New York Times e San Francisco Chronicle, o que demonstra que estamos atingindo um público mais geral.
ÉPOCA –O programa é gratuito. Como vocês ganham dinheiro?
Krieger – Temos muitas ideias sobre como ganhar dinheiro, mas elas realmente só funcionarão quando tivermos um número de usuários maior. Por enquanto, somos apenas quatro pessoas na empresa e levantamos um financiamento inicial de US$ 500 mil no começo do ano passado.
Krieger – Temos muitas ideias sobre como ganhar dinheiro, mas elas realmente só funcionarão quando tivermos um número de usuários maior. Por enquanto, somos apenas quatro pessoas na empresa e levantamos um financiamento inicial de US$ 500 mil no começo do ano passado.
ÉPOCA –Há previsão para que o Instagram chegue a outros sistemas de celulares, como o Android, do Google?
Krieger – Vamos lançar nos próximos meses uma API (código que permite que desenvolvedores criem serviços que interajam com o programa original) para atingir outras plataformas. Também lançaremos a versão do Instagram parasmartphones com Android. Mas antes precisaremos expandir nossa equipe.
Krieger – Vamos lançar nos próximos meses uma API (código que permite que desenvolvedores criem serviços que interajam com o programa original) para atingir outras plataformas. Também lançaremos a versão do Instagram parasmartphones com Android. Mas antes precisaremos expandir nossa equipe.
ÉPOCA –O que você diria para quem pretende se tornar um empreendedor?
Krieger – Um conselho que eu e Kevin gostamos de compartilhar com as pessoas que querem saber o segredo do nosso sucesso inicial é que a coisa mais importante numa empresa nova é lançar o produto mais rapidamente possível. Não adianta ficar discutindo ideias e construindo um superprograma que faz tudo. Todo mundo está ocupado demais para conhecer seu aplicativo novo e ouvir sobre seus mil recursos. Para nós, o objetivo era que o usuário tirasse sua primeira foto e, dentro de segundos, brincasse com os efeitos especiais. É interessante olhar a lista de ideias que a gente tinha para depois do lançamento. Muitas foram descartadas, pois a comunidade nos surpreendeu com o uso de nosso programa.
Krieger – Um conselho que eu e Kevin gostamos de compartilhar com as pessoas que querem saber o segredo do nosso sucesso inicial é que a coisa mais importante numa empresa nova é lançar o produto mais rapidamente possível. Não adianta ficar discutindo ideias e construindo um superprograma que faz tudo. Todo mundo está ocupado demais para conhecer seu aplicativo novo e ouvir sobre seus mil recursos. Para nós, o objetivo era que o usuário tirasse sua primeira foto e, dentro de segundos, brincasse com os efeitos especiais. É interessante olhar a lista de ideias que a gente tinha para depois do lançamento. Muitas foram descartadas, pois a comunidade nos surpreendeu com o uso de nosso programa.
ÉPOCA –Todos apostavam que um serviço de fotos para smartphones seria criado pelo Flickr, o site de fotos mais popular da internet. Você acha que eles perderam uma boa oportunidade?
Krieger – Eu adoro o Flickr. Para mim, eles foram uma das melhores comunidades do “Web 2.0”. Mas acho que foi difícil eles continuarem a fazer desenvolvimento e inovação em velocidade dentro da Yahoo!. Tiveram de se adaptar à cultura e aos sistemas deles. Muitas vezes, quando os usuários mudam de uma plataforma principal para outra (nesse caso, da internet para os smartphones) , aparece uma oportunidade para estreantes. Eles criam um aplicativo que entende bem asoportunidades e acabam surpreendendo as empresas existentes. Por isso, acho que os próximos anos vão ser bem interessantes na área de smartphones.
Krieger – Eu adoro o Flickr. Para mim, eles foram uma das melhores comunidades do “Web 2.0”. Mas acho que foi difícil eles continuarem a fazer desenvolvimento e inovação em velocidade dentro da Yahoo!. Tiveram de se adaptar à cultura e aos sistemas deles. Muitas vezes, quando os usuários mudam de uma plataforma principal para outra (nesse caso, da internet para os smartphones) , aparece uma oportunidade para estreantes. Eles criam um aplicativo que entende bem asoportunidades e acabam surpreendendo as empresas existentes. Por isso, acho que os próximos anos vão ser bem interessantes na área de smartphones.
ÉPOCA – Como você se imagina daqui a alguns anos? Pretende vender a empresa? Você quer se tornar uma celebridade da internet, como Zuckerberg?
Krieger – Imagino que o Instagram seja a primeira de várias oportunidades. Eu me imagino, daqui a alguns anos, fundando uma nova empresa. Também adoraria ajudar novos empreendedores, principalmente no Brasil, a montar suas empresas. Mas, por enquanto, o Instagram é um emprego de 25 horas por dia.
Krieger – Imagino que o Instagram seja a primeira de várias oportunidades. Eu me imagino, daqui a alguns anos, fundando uma nova empresa. Também adoraria ajudar novos empreendedores, principalmente no Brasil, a montar suas empresas. Mas, por enquanto, o Instagram é um emprego de 25 horas por dia.
Autor: Bruno Ferrari
Fonte: Época