Embora pareça muito arriscado para alguns, é possível manter 100% dos investimentos em bolsa e mesmo assim ter uma carteira com certo grau de diversificação e proteção ao risco. Segundo especialistas, o mercado apresenta algumas opções de estratégias que limitam as perdas e aumentam a segurança do investidor que pretende aplicar todo seu dinheiro na renda variável. Mas, é preciso cuidado. Segundo o sócio da Conexão BR Assessoria de Investimentos, Erich Beletti, quem opta por manter a totalidade dos investimentos na bolsa deve ter conhecimento do mercado no qual estará operando. Caso contrário, os riscos podem ser bem maiores e, neste caso, as perdas não seriam poucas. Sugerindo que o investidor se utilize dos pontos de entrada nas ações sinalizados pela análise técnica, Beletti traça como algumas estratégias para diversificar investimentos e limitar perdas o lançamento coberto de opções - comprar uma ação e lançar uma opção, segurando a ação em carteira - e também as operações de long & short. “Eu acho que a opção do operar no Long & Short e operar com o lançamento [coberto] de opções são bastante seguros, de risco baixo. Ai, se quiser 'temperar' com uma operação de compra, ou ainda operar vendido em ações, quando você opera ganhando na baixa, eu não vejo problema algum com isso”, avaliou. Antes de se arriscar, conheça o mercado
Segundo a economista da Lerosa Investimentos, Alexandra Almawi, o investidor que pretende manter 100% dos investimentos em bolsa deve conhecer o mercado, estudá-lo. “A questão do lançamento coberto, da estratégia Long & Short e das ações defensivas, isso tudo na verdade te dá uma certa segurança, mas não garante que você terá retornos certos”, disse. “O investidor tem que entender a dinâmica das operações, o risco e principalmente o custo operacional”, completou. Beletti, por sua vez, conta que quem deseja ter 100% dos investimentos em bolsa deve ter disciplina. “Acho que o maior problema que as pessoas têm quando elas entram na bolsa é que elas entram sem conhecimento e sem disciplina. Vamos supor que você comprou um papel por R$ 10 e estabeleceu que quando ele atingisse R$ 9,70 você sairia. Por quê? Porque a partir daí a tendência é de que ele continue em um movimento de baixa. Mas, se a pessoa não entende do mercado, ela resolve segurar. O problema é você não sair nos R$ 9,70 e deixar o papel ir para R$ 8,50 ou R$ 8,00. O prejuízo de 3% é fácil de administrar, agora 15% ou 20% vira um problema", argumentou. O especialista reforça a tese de que, se tiver conhecimento do mercado, o investidor pode sim manter uma carteira 100% na renda variável. "Então, se você tem disciplina, não tem problema, você pode operar tranquilo no mercado, não precisa seguir esta pseudorecomendação, aliás esta recomendação de pseudoanalistas de que você não pode colocar muito na bolsa. Se você sabe o que está fazendo, eu não vejo problema nenhum.” Long & Short
A estratégia Long & Short é comum no mercado de ações. Ela representa uma combinação de posições compradas e vendidas, em busca de uma performance relativa. Uma posição Long (comprada) nada mais é do que o investidor deter um determinado ativo – como o próprio nome sugere, está “comprado" no ativo -, com a expectativa de que este venha a apreciar-se. Por sua vez, uma posição vendida, também conhecida como short, é o oposto: o investidor irá vender um ativo que não está em sua carteira. Logo, quando este tipo de estratégia é realizado, é necessário tomar emprestado o papel. Em uma posição vendida, aposta-se que os papéis sofrerão depreciação e, caso isto realmente ocorra, o investidor irá auferir lucro com a operação. O que a estratégia Long & Short busca é a performance relativa entre ambos - posição comprada e vendida. Ou seja, o lucro desta estratégia vem do spread entre as ações compradas e as ações vendidas. No entanto, é bom lembrar que, caso as ações compradas caiam enquanto as vendidas subam, haverá um prejuízo elevado. Portanto, como em qualquer operação, o investidor deve ter certa dose de cautela e um ponto de saída da estratégia traçado. Lançamento Coberto
Outra estratégia apontada por Beletti como uma boa opção para o investidor arrojado que pretende manter 100% dos seus investimentos em bolsa é o lançamento coberto de opções. Apontada como uma saída para prevenir possíveis perdas neste mercado, ou como um hedge com opções, a venda coberta de opções tem se tornado cada vez mais comum entre os investidores. Em suma, você tem as ações, acha que o mercado pode cair, mas não quer se desfazer de seus papéis, então você lança calls na mesma proporção de suas ações, sem se desfazer das ações. Nesse tipo de operação, o investidor que possui um lote de opções de compra tem em sua carteira o correspondente lote negociado em ações que servirão para "cobrir" as eventuais obrigações do investidor que lançou as opções, caso estas sejam exercidas. Suponha que o investidor compre dez lotes de ações VALE5, que equivalem a mil papéis, por R$ 47 cada (ou seja, a operação de compra das ações envolve R$ 47 mil). Simultaneamente, o investidor lança mil calls VALEL45, e recebe R$ 2,50 por papel (R$ 2.500 no total). Caso o mercado caia e a ação da Vale venha a R$ 45,00, a perda do investidor fica travada. Sem o lançamento das calls, o prejuízo seria de R$ 2 por ação, ou R$ 2.000 considerando que a compra feita foi de dez lotes-padrão. Contudo, com o lançamento das opções, o investidor perdeu R$ 2 por ação (diferença entre o preço pago no mercado à vista, R$ 47, e o preço que o comprador da call pagará por cada ação, R$ 45), mas ganhou R$ 2,50 por cada call vendida no mercado - ou seja, anulou sua perda com o prêmio recebido pelas opções de compra lançadas e ainda saiu da operação com resultado positivo em R$ 500. Também é possível que o investidor queira limitar os ganhos de sua operação lançando opções de venda na mesma quantidade das ações mantidas em carteira. Sem contar que, caso as puts (opções de venda) não sejam exercidas, o investidor embolsa o prêmio recebido pela venda destes papéis. “Hoje, quem tem mais liquidez são OGX (OGXP3), BM&F Bovespa (BVMF3), Vale (VALE3, VALE5) e Petrobras (PETR3, PETR4). Compra a ação de uma dessas empresas e lança uma opção que te dê uma rentabilidade reduzida, de 1,5%, às vezes até chega a 2% no mês, mas que vai te proteger de uma eventual baixa de 10%, 12% até 20% da ação. A opção serve para você se proteger, através do lançamento coberto”, argumentou Beletti. De acordo com o especialista, o problema é que as pessoas entram no mercado de opções na maior parte dos casos para especular. "Provavelmente 10 em cada 10 pessoas que ficarem fazendo especulações vão se dar mal. No lançamento coberto é óbvio que pode dar errado, mas a chance é muito pequena porque a sua proteção é muito grande. Talvez se o papel cair 10% ou 15% você ainda vai estar no zero a zero. Não vai ter prejuízo. Então, fazendo isso em meses tranquilos, que não tenham nenhuma turbulência ou nenhuma crise interna grande, vai ter lucro”. Ações defensivas
Outra maneira comum de se reduzir os riscos na renda variável, principalmente no caso de ter 100% dos investimentos aplicados nesta modalidade, é a aposta em ações defensivas. Seguindo as regras do mercado de capitais, as companhias listadas em bolsa devem ter distribuição mínima de 25% dos lucros aos acionistas. Muitas delas acabam praticando uma proporção muito maior que esta, chegando até a 100% dos lucros em determinados casos. O setor de energia é conhecido por essa característica defensiva. Isso porque as empresas deste segmento não têm necessidade de fazer grandes investimentos constantemente. A despesa pesada que elas possuem é na construção de novas centrais de energia, por exemplo, ou outras instalações maiores, o que não costuma ser frequente, visto que este é um setor bastante consolidado. Por esse motivo, é mais vantajoso para a própria companhia remunerar seus acionistas ao invés de permanecer com o dinheiro parado em caixa. No entanto, Beletti alerta para o fato de que o investidor deve conhecer bem a empresa e o setor no qual ela está inserida, além de observar a performance recente e histórica das ações, antes de investir. “Não adianta nada você pegar uma ação que paga bons dividendos e ela estar em uma trajetória de baixa. Os dividendos não vão compensar o prejuízo que você vai estar tendo com o valor da ação”, disse. O especialista explica que “de fato você tem que escolher um papel que 'graficamente' esteja bom, que tenha uma tendência para cima, e este papel você pode até objetivar receber dividendos. Mas, não pode entrar em qualquer papel que é bom pagador de dividendos sem dar a atenção devida à situação gráfica dele, porque às vezes você compra um papel que está no topo, ai o papel cai 30% no ano e pagou só 10% de dividendos, você não salvou nada e continua tendo um grande prejuízo”. Fonte: artigo de Anderson Figo, publicado na InfoMoney
Segundo a economista da Lerosa Investimentos, Alexandra Almawi, o investidor que pretende manter 100% dos investimentos em bolsa deve conhecer o mercado, estudá-lo. “A questão do lançamento coberto, da estratégia Long & Short e das ações defensivas, isso tudo na verdade te dá uma certa segurança, mas não garante que você terá retornos certos”, disse. “O investidor tem que entender a dinâmica das operações, o risco e principalmente o custo operacional”, completou. Beletti, por sua vez, conta que quem deseja ter 100% dos investimentos em bolsa deve ter disciplina. “Acho que o maior problema que as pessoas têm quando elas entram na bolsa é que elas entram sem conhecimento e sem disciplina. Vamos supor que você comprou um papel por R$ 10 e estabeleceu que quando ele atingisse R$ 9,70 você sairia. Por quê? Porque a partir daí a tendência é de que ele continue em um movimento de baixa. Mas, se a pessoa não entende do mercado, ela resolve segurar. O problema é você não sair nos R$ 9,70 e deixar o papel ir para R$ 8,50 ou R$ 8,00. O prejuízo de 3% é fácil de administrar, agora 15% ou 20% vira um problema", argumentou. O especialista reforça a tese de que, se tiver conhecimento do mercado, o investidor pode sim manter uma carteira 100% na renda variável. "Então, se você tem disciplina, não tem problema, você pode operar tranquilo no mercado, não precisa seguir esta pseudorecomendação, aliás esta recomendação de pseudoanalistas de que você não pode colocar muito na bolsa. Se você sabe o que está fazendo, eu não vejo problema nenhum.” Long & Short
A estratégia Long & Short é comum no mercado de ações. Ela representa uma combinação de posições compradas e vendidas, em busca de uma performance relativa. Uma posição Long (comprada) nada mais é do que o investidor deter um determinado ativo – como o próprio nome sugere, está “comprado" no ativo -, com a expectativa de que este venha a apreciar-se. Por sua vez, uma posição vendida, também conhecida como short, é o oposto: o investidor irá vender um ativo que não está em sua carteira. Logo, quando este tipo de estratégia é realizado, é necessário tomar emprestado o papel. Em uma posição vendida, aposta-se que os papéis sofrerão depreciação e, caso isto realmente ocorra, o investidor irá auferir lucro com a operação. O que a estratégia Long & Short busca é a performance relativa entre ambos - posição comprada e vendida. Ou seja, o lucro desta estratégia vem do spread entre as ações compradas e as ações vendidas. No entanto, é bom lembrar que, caso as ações compradas caiam enquanto as vendidas subam, haverá um prejuízo elevado. Portanto, como em qualquer operação, o investidor deve ter certa dose de cautela e um ponto de saída da estratégia traçado. Lançamento Coberto
Outra estratégia apontada por Beletti como uma boa opção para o investidor arrojado que pretende manter 100% dos seus investimentos em bolsa é o lançamento coberto de opções. Apontada como uma saída para prevenir possíveis perdas neste mercado, ou como um hedge com opções, a venda coberta de opções tem se tornado cada vez mais comum entre os investidores. Em suma, você tem as ações, acha que o mercado pode cair, mas não quer se desfazer de seus papéis, então você lança calls na mesma proporção de suas ações, sem se desfazer das ações. Nesse tipo de operação, o investidor que possui um lote de opções de compra tem em sua carteira o correspondente lote negociado em ações que servirão para "cobrir" as eventuais obrigações do investidor que lançou as opções, caso estas sejam exercidas. Suponha que o investidor compre dez lotes de ações VALE5, que equivalem a mil papéis, por R$ 47 cada (ou seja, a operação de compra das ações envolve R$ 47 mil). Simultaneamente, o investidor lança mil calls VALEL45, e recebe R$ 2,50 por papel (R$ 2.500 no total). Caso o mercado caia e a ação da Vale venha a R$ 45,00, a perda do investidor fica travada. Sem o lançamento das calls, o prejuízo seria de R$ 2 por ação, ou R$ 2.000 considerando que a compra feita foi de dez lotes-padrão. Contudo, com o lançamento das opções, o investidor perdeu R$ 2 por ação (diferença entre o preço pago no mercado à vista, R$ 47, e o preço que o comprador da call pagará por cada ação, R$ 45), mas ganhou R$ 2,50 por cada call vendida no mercado - ou seja, anulou sua perda com o prêmio recebido pelas opções de compra lançadas e ainda saiu da operação com resultado positivo em R$ 500. Também é possível que o investidor queira limitar os ganhos de sua operação lançando opções de venda na mesma quantidade das ações mantidas em carteira. Sem contar que, caso as puts (opções de venda) não sejam exercidas, o investidor embolsa o prêmio recebido pela venda destes papéis. “Hoje, quem tem mais liquidez são OGX (OGXP3), BM&F Bovespa (BVMF3), Vale (VALE3, VALE5) e Petrobras (PETR3, PETR4). Compra a ação de uma dessas empresas e lança uma opção que te dê uma rentabilidade reduzida, de 1,5%, às vezes até chega a 2% no mês, mas que vai te proteger de uma eventual baixa de 10%, 12% até 20% da ação. A opção serve para você se proteger, através do lançamento coberto”, argumentou Beletti. De acordo com o especialista, o problema é que as pessoas entram no mercado de opções na maior parte dos casos para especular. "Provavelmente 10 em cada 10 pessoas que ficarem fazendo especulações vão se dar mal. No lançamento coberto é óbvio que pode dar errado, mas a chance é muito pequena porque a sua proteção é muito grande. Talvez se o papel cair 10% ou 15% você ainda vai estar no zero a zero. Não vai ter prejuízo. Então, fazendo isso em meses tranquilos, que não tenham nenhuma turbulência ou nenhuma crise interna grande, vai ter lucro”. Ações defensivas
Outra maneira comum de se reduzir os riscos na renda variável, principalmente no caso de ter 100% dos investimentos aplicados nesta modalidade, é a aposta em ações defensivas. Seguindo as regras do mercado de capitais, as companhias listadas em bolsa devem ter distribuição mínima de 25% dos lucros aos acionistas. Muitas delas acabam praticando uma proporção muito maior que esta, chegando até a 100% dos lucros em determinados casos. O setor de energia é conhecido por essa característica defensiva. Isso porque as empresas deste segmento não têm necessidade de fazer grandes investimentos constantemente. A despesa pesada que elas possuem é na construção de novas centrais de energia, por exemplo, ou outras instalações maiores, o que não costuma ser frequente, visto que este é um setor bastante consolidado. Por esse motivo, é mais vantajoso para a própria companhia remunerar seus acionistas ao invés de permanecer com o dinheiro parado em caixa. No entanto, Beletti alerta para o fato de que o investidor deve conhecer bem a empresa e o setor no qual ela está inserida, além de observar a performance recente e histórica das ações, antes de investir. “Não adianta nada você pegar uma ação que paga bons dividendos e ela estar em uma trajetória de baixa. Os dividendos não vão compensar o prejuízo que você vai estar tendo com o valor da ação”, disse. O especialista explica que “de fato você tem que escolher um papel que 'graficamente' esteja bom, que tenha uma tendência para cima, e este papel você pode até objetivar receber dividendos. Mas, não pode entrar em qualquer papel que é bom pagador de dividendos sem dar a atenção devida à situação gráfica dele, porque às vezes você compra um papel que está no topo, ai o papel cai 30% no ano e pagou só 10% de dividendos, você não salvou nada e continua tendo um grande prejuízo”. Fonte: artigo de Anderson Figo, publicado na InfoMoney