Em 2009, as small caps começaram a ganhar ainda mais destaque no mercado de capitais brasileiro. Enquanto o Ibovespa acumulou alta de 82,66% no ano, o índice que acompanha as empresas de menor capitalização, o SMLL, disparou 137,53%. Em 2010, não é diferente: até o fechamento de segunda-feira (27), as variações eram de 0,33% e 14,56%, na mesma ordem. Apesar dessa alta, oportunidades não faltam entre as small ou micro caps, também conhecidas como ações de terceira linha. O termo não é o favorito dos gestores, já que sugere uma ação inferior, quando ela pode ser apenas uma empresa menor e menos conhecida do mercado. Esse, aliás, é um dos fatores que acabam contando a favor desse tipo de papel – como as novidades não são tão públicas e não ficam no radar de tantos investidores, as oportunidades seriam maiores. Mas onde estariam, então, as oportunidades nas empresas menores? E quais são as tendências para esses papéis?
Antes de responder a estas questões, cabe dizer que há variações entre as gestores sobre o que é uma micro, small ou mid cap. “O universo de small caps no Brasil é um pouco diferente do universo normal de small caps que você tem em outros países”, explica Alexandre Silvério, superintendente executivo de gestão de fundos do Santander Asset Management. Segundo ele, pela definição usada no País, empresas com capitalização de mercado “bastante importante” acabam sendo classificadas como small caps. “Acho que o conceito de small cap nos permite ter empresas muito saudáveis, com tamanho importante e com uma interessante capacidade de crescimento”, afirma. Céu de brigadeiro
Antes de responder a estas questões, cabe dizer que há variações entre as gestores sobre o que é uma micro, small ou mid cap. “O universo de small caps no Brasil é um pouco diferente do universo normal de small caps que você tem em outros países”, explica Alexandre Silvério, superintendente executivo de gestão de fundos do Santander Asset Management. Segundo ele, pela definição usada no País, empresas com capitalização de mercado “bastante importante” acabam sendo classificadas como small caps. “Acho que o conceito de small cap nos permite ter empresas muito saudáveis, com tamanho importante e com uma interessante capacidade de crescimento”, afirma. Céu de brigadeiro
De modo geral, o mercado pinta um cenário positivo para as empresas de menor capitalização daqui para frente. Um dos motivos para isso é que a maioria delas tem exposição à economia brasileira – cujas perspectivas seguem extremamente otimistas para 2010 e para os próximos anos. Já a exposição ao cenário externo, que segue marcado por incertezas, é menor, amenizando assim os choques que vem de fora. Segundo explica Rubens Monteiro, gerente de divisão de fundos de ações ativos da BB DTVM, como são empresas de crescimento, as small e micro caps precisam de um ambiente macroeconômico favorável. “Se você tem uma expectativa de crescimento forte, em função de consumo – de imóveis, de bens duráveis, de construção civil, etc – elas tendem a performar melhor do que as chamadas ‘carros-chefes’ da bolsa, que são as de commodities”. “Quando você olha o Ibovespa, ele ainda é majoritariamente composto por empresas de commodities, que acabam dependendo mais da situação da economia mundial. Quando você desce a liquidez, você tem empresas mais expostas ao mercado interno – pequenas incorporadoras, varejistas, empresas de autopeças – mais ligadas ao mercado brasileiro”, completa Rodrigo Sancovsky, sócio da Fama Investimentos. Exposição ao mercado interno é chave
Essas perspectivas positivas para o Brasil são base para as apostas dos quatro gestores nas small caps. Todos eles mencionaram setores como infraestrutura, logística e construção civil quando perguntados onde estariam as próximas oportunidades em ações de empresas de menor porte. “Empresas que estão expostas ao varejo e à construção civil – que sejam bem administradas, claro, não basta estar no setor – têm potencial de crescimento enorme daqui para frente”, exemplifica Sancovsky.Monteiro, da BB-DTVM, destaca ainda papéis de logística, transporte e concessões. “Você precisa de uma logística forte para essa expansão de produção, com portos, ferrovias, onde estamos muito aquém de onde devíamos”, explica. Ele aponta também as empresas aéreas e as companhias de agronegócio como potenciais escolhas, com a ressalva de que não haja gargalos, além do setor educacional. “Esses investimentos são necessários para um crescimento forte e consistente mais para frente. Com educação, vem saúde também”, diz. “Ainda não temos uma grande construtora pesada com ações na bolsa – não de imóveis, mas de hidrelétricas, por exemplo. Como você vai ter um investimento muito grande daqui para frente, acredito que oportunidades muito interessantes aparecerão na bolsa”, completa o gestor. “Eu me ateria a setores com dependência de crescimento de renda e de crédito vão ter sim um crescimento muito forte de liquidez e representatividade nos índices, e empresas que hoje são small caps muito possivelmente vão ganhar importância nas carteiras dos índices”, completa Silvério. Possíveis destaques
Mas há alguma empresa que mereça atenção especial por seu potencial de se tornar uma small cap de luxo, ou até mesmo ascender ao patamar de mid ou large cap? “Você tem empresas que entraram no mercado para ser consolidadoras – então você investe em uma small cap pensando que no futuro ela vai ser uma consolidadora e vai aumentar seu valor de mercado até virar uma mid cap ou large cap”, explica Monteiro. Um exemplo de micro cap que avançou no mercado é a Brasil Ecodiesel (ECOD3) que, atualmente, faz parte até mesmo do Ibovespa, reservado para as ações com maior liquidez. “A Ecodiesel é um caso muito interessante, ela ganhou bastante liquidez há algum tempo, devido especialmente às perspectivas para o setor”, explica Silvério. Apesar da maioria dos gestores preferir não nomear papéis específicos, André Vainer, gestor de renda variável da XP Gestão de Recursos, oferece algumas opções. Entre as principais, Hering (HGTX3), Iochpe-Maxion (MYPK3), Cremer (CREM3), Tempo Assist (TEMP3) e Banco Pine (PINE4). “Essas duas últimas são as que mais chamam a nossa atenção hoje”, afirma. Vale lembrar, contudo, que as empresas de menor capitalização trazem consigo duas questões importantes: primeiramente, são menos líquidas do que as empresas de maior porte, podendo ser mais difícil negociar seus ativos no mercado; além disso, como ressalta Monteiro, elas podem não ser a melhor opção para um investidor que busca dividendos, já que a tendência é que as empresas reinvistam esses proventos para crescer ao invés de distribuí-lo aos acionistas. IPOs à vista?
Outro ponto apontado pelos gestores é a possível expansão do número de empresas listadas na bolsa, com destaque para o avanço das menores. “Esperamos que esse bom potencial de crescimento traga sim mais small caps para o bolsa. É um movimento natural dado o crescimento do País”, aponta Sancovsky. Ele lembra que as cerca de 450 empresas listadas na bolsa brasileira não se comparam aos grandes mercados – como base de comparação, ele cita as bolsas da Mongólia (324 companhias) e Paquistão (653 empresas) como pares. Para Sancovsky, a abertura de capital ajuda a libertar as small caps da dependência de financiamento de bancos, com juros muito acima dos obtidos pela large caps com entidades como BNDES, por exemplo. “Das empresas que cobrimos hoje, não vemos nenhuma com necessidade de fazer uma nova oferta de ações – seriam IPOs (Initial Public Offerings, ou abertura de capital)”, afirma Vainer, que também destaca que a bolsa brasileira tem um número muito baixo de ações listadas. “Pode não ser da magnitude vista em 2005 e 2006, vamos voltar a ver esse movimento de abertura de capital”, explica. Entretanto, para ele, o movimento será mais selecionado do que o já visto no País. “Há 4 anos, qualquer empresa que vinha ao mercado captava o calor que fosse, a níveis de valuation muito elevados. Acho que o movimento vai continuar sim, mas mais selecionado”, conclui o gestor da XP. Mais do que o cenário macroeconômico positivo para o País, impulsionado pela ascensão das classes E e D para patamares mais elevados de consumo, Monteiro ressalta os investimentos esperados nos próximos anos como fator que pode trazer mais empresas à bolsa. “A expectativa é que o mercado de small caps aumente nos próximos 5 a 10 anos”, afirma. Fonte: InfoMoney
Outro ponto apontado pelos gestores é a possível expansão do número de empresas listadas na bolsa, com destaque para o avanço das menores. “Esperamos que esse bom potencial de crescimento traga sim mais small caps para o bolsa. É um movimento natural dado o crescimento do País”, aponta Sancovsky. Ele lembra que as cerca de 450 empresas listadas na bolsa brasileira não se comparam aos grandes mercados – como base de comparação, ele cita as bolsas da Mongólia (324 companhias) e Paquistão (653 empresas) como pares. Para Sancovsky, a abertura de capital ajuda a libertar as small caps da dependência de financiamento de bancos, com juros muito acima dos obtidos pela large caps com entidades como BNDES, por exemplo. “Das empresas que cobrimos hoje, não vemos nenhuma com necessidade de fazer uma nova oferta de ações – seriam IPOs (Initial Public Offerings, ou abertura de capital)”, afirma Vainer, que também destaca que a bolsa brasileira tem um número muito baixo de ações listadas. “Pode não ser da magnitude vista em 2005 e 2006, vamos voltar a ver esse movimento de abertura de capital”, explica. Entretanto, para ele, o movimento será mais selecionado do que o já visto no País. “Há 4 anos, qualquer empresa que vinha ao mercado captava o calor que fosse, a níveis de valuation muito elevados. Acho que o movimento vai continuar sim, mas mais selecionado”, conclui o gestor da XP. Mais do que o cenário macroeconômico positivo para o País, impulsionado pela ascensão das classes E e D para patamares mais elevados de consumo, Monteiro ressalta os investimentos esperados nos próximos anos como fator que pode trazer mais empresas à bolsa. “A expectativa é que o mercado de small caps aumente nos próximos 5 a 10 anos”, afirma. Fonte: InfoMoney