“Quem é boa de supermercado, você ou o marido? Pronto, aí está a resposta sobre qual dos dois vai ser bom de bolsa”, diz a consultora Eloísa Vasconcellos. Na plateia, mais de 60 mulheres com pouca ou nenhuma experiência no investimento em ações acompanham atentamente a palestrante, que promete “traduzir” o mercado financeiro para linguagem considerada tipicamente feminina. “Usamos a linguagem da mulherada. Elas percebem que a bolsa só é complicada porque ninguém ensina”, afirma Eloísa.A aula é uma das mais de 120 previstas na programação da 50ª edição da Expo Money, em São Paulo, que estima que as mulheres representem 35% dos visitantes que passarão pelo evento em busca de orientação financeira até sábado (25). Em 2003, ano da primeira edição, elas eram apenas 15%. A participação feminina também é crescente entre os investidores na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa): passou de 18,4% em 2003 para 24,8% em julho deste ano.
Para se comunicar com alunas de perfis variados de faixa etária e renda, a especialista não economiza nas analogias em seu discurso. “Você pode entrar em uma loja, ‘secar’ um produto e pensar: eu quero mas está muito caro, vou esperar para comprar na liquidação. Assim é a bolsa”, diz Eloísa. Em seu vocabulário de finanças para mulheres, crises são o “tempero” da bolsa. Dividendos são os “filhotes” que as empresas dão aos investidores. Ação que não sobe nem desce está “nhanhando”. E elas, as investidoras, são as “luluzinhas” da bolsa. “Temos estigma de gastadeiras e fofoqueiras. Mas na verdade somos provedoras da casa e boas condutoras de notícia”, afirma a especialista Inês Bozzini, que se familiarizou a falar de investimento para mulheres desde os tempos em que participou da criação do programa “Mulheres em Ação”, uma das estratégias adotadas pela Bovespa para popularizar o mercado de renda variável. Na opinião das consultoras, há características femininas que se diferenciam do homem nas decisões de investimento. “A mulher tem baixa ambição de retorno imediato”, diz Eloísa. “E sofre muito mais na compra de uma ação errada do que o homem. Ele em geral se ele compra errado, vende com prejuízo e nem fica sabendo. A mulher sofre, reclama, quer ver o que devia ter feito melhor”, afirma. O tom didático para as finanças agradou a Marly Lima, que busca as ações depois de anos investindo em renda fixa e poupança. Mary abriu uma loja de bijuterias no ano passado e agora quer aprender a investir os ganhos que seu empreendimento começa a lhe render. “O que eu achei mais interessante sobre a bolsa é saber que é um sistema seguro, não é aquela coisa de fulano perdeu tudo em um dia que a gente ouve” disse, depois de participar da palestra. Ações e pão de queijo
A consultora compartilha na palestra a experiência de trabalho que adquiriu em Piracicaba (SP), onde comanda seu grupo de "lulus". Em reuniões diárias realizadas em uma sala específica para elas no prédio comercial da Corretora Magliano S.A, elas analisam o mercado e decidem em que investir utilizando técnicas de análise de balanços, gráficas e desempenhos de papéis que aprendem na convivência. “Há mulheres desde os 20 anos até aposentadas. Temos todos os dias pão de queijo, docinho, networking e conversa, e uma vez por mês um encontro com as cercas de 150 mulheres que atualmente participam do grupo. A professora de ioga Luciana Cerqueira gostou do conceito de aprender coletivamente. “Eu me atraí por essa idéia de ter um grupo de mulheres falando desse assunto, é bem mais fácil do que começar sozinha. Vou ver se tem alguma coisa similar aqui em São Paulo”, planeja. Marineia Haddad participa do grupo de Piracicaba, onde mora, e veio a São Paulo especialmente para a Expomoney. Começou a aplicar dinheiro na bolsa em 2004. A engenheira agrônoma investe em gado, é dona de um haras, e hoje vê o mercado de ações como um de seus negócios. Com o apetite investidor, cresceu também o interesse pelo noticiário econômico. “Antes eu gostava do caderno social. Hoje só leio os cadernos de economia dos sites e dos jornais”, diz. Para Eloísa, a informalidade das conversas não pode ser confundida com falta de seriedade no investimento. "Elas relacionam os temas, por exemplo, se vamos analisar o grupo X, do Eike Batista, alguém diz: quem? O ex da Luma (de Oliveira, com quem o empresário foi casado). Será que é um bom presidente?", conta. Na opinião da consultora, as investidoras são bem mais criteriosas que os homens e analisam quesitos valorizados por investidores estrangeiros. "Elas começam a analisar as empresas olhando quem toma conta delas, por exemplo, se a empresa tem ações ambientais, se tem ação de empregados na Justiça. Isso tudo importa", diz. Fonte: G1 (Ligia Guimarães)
Para se comunicar com alunas de perfis variados de faixa etária e renda, a especialista não economiza nas analogias em seu discurso. “Você pode entrar em uma loja, ‘secar’ um produto e pensar: eu quero mas está muito caro, vou esperar para comprar na liquidação. Assim é a bolsa”, diz Eloísa. Em seu vocabulário de finanças para mulheres, crises são o “tempero” da bolsa. Dividendos são os “filhotes” que as empresas dão aos investidores. Ação que não sobe nem desce está “nhanhando”. E elas, as investidoras, são as “luluzinhas” da bolsa. “Temos estigma de gastadeiras e fofoqueiras. Mas na verdade somos provedoras da casa e boas condutoras de notícia”, afirma a especialista Inês Bozzini, que se familiarizou a falar de investimento para mulheres desde os tempos em que participou da criação do programa “Mulheres em Ação”, uma das estratégias adotadas pela Bovespa para popularizar o mercado de renda variável. Na opinião das consultoras, há características femininas que se diferenciam do homem nas decisões de investimento. “A mulher tem baixa ambição de retorno imediato”, diz Eloísa. “E sofre muito mais na compra de uma ação errada do que o homem. Ele em geral se ele compra errado, vende com prejuízo e nem fica sabendo. A mulher sofre, reclama, quer ver o que devia ter feito melhor”, afirma. O tom didático para as finanças agradou a Marly Lima, que busca as ações depois de anos investindo em renda fixa e poupança. Mary abriu uma loja de bijuterias no ano passado e agora quer aprender a investir os ganhos que seu empreendimento começa a lhe render. “O que eu achei mais interessante sobre a bolsa é saber que é um sistema seguro, não é aquela coisa de fulano perdeu tudo em um dia que a gente ouve” disse, depois de participar da palestra. Ações e pão de queijo
A consultora compartilha na palestra a experiência de trabalho que adquiriu em Piracicaba (SP), onde comanda seu grupo de "lulus". Em reuniões diárias realizadas em uma sala específica para elas no prédio comercial da Corretora Magliano S.A, elas analisam o mercado e decidem em que investir utilizando técnicas de análise de balanços, gráficas e desempenhos de papéis que aprendem na convivência. “Há mulheres desde os 20 anos até aposentadas. Temos todos os dias pão de queijo, docinho, networking e conversa, e uma vez por mês um encontro com as cercas de 150 mulheres que atualmente participam do grupo. A professora de ioga Luciana Cerqueira gostou do conceito de aprender coletivamente. “Eu me atraí por essa idéia de ter um grupo de mulheres falando desse assunto, é bem mais fácil do que começar sozinha. Vou ver se tem alguma coisa similar aqui em São Paulo”, planeja. Marineia Haddad participa do grupo de Piracicaba, onde mora, e veio a São Paulo especialmente para a Expomoney. Começou a aplicar dinheiro na bolsa em 2004. A engenheira agrônoma investe em gado, é dona de um haras, e hoje vê o mercado de ações como um de seus negócios. Com o apetite investidor, cresceu também o interesse pelo noticiário econômico. “Antes eu gostava do caderno social. Hoje só leio os cadernos de economia dos sites e dos jornais”, diz. Para Eloísa, a informalidade das conversas não pode ser confundida com falta de seriedade no investimento. "Elas relacionam os temas, por exemplo, se vamos analisar o grupo X, do Eike Batista, alguém diz: quem? O ex da Luma (de Oliveira, com quem o empresário foi casado). Será que é um bom presidente?", conta. Na opinião da consultora, as investidoras são bem mais criteriosas que os homens e analisam quesitos valorizados por investidores estrangeiros. "Elas começam a analisar as empresas olhando quem toma conta delas, por exemplo, se a empresa tem ações ambientais, se tem ação de empregados na Justiça. Isso tudo importa", diz. Fonte: G1 (Ligia Guimarães)